Sem reforma ou interessado, "gigantes comerciais" lotam Centro de imóveis vazios
Nestes mesmo locais, já foram abrigados clubes, lojas, casas noturnas, restaurantes e até bancos
Prédios grandes e vazios têm tomado conta do Centro de Campo Grande, sendo cada vez mais evidenciados pelas placas de "aluga-se". Nestes mesmo locais, já foram abrigados clubes, lojas, casas noturnas, restaurantes e até bancos. A falta de reforma e até mesmo documentos irregulares têm feito com que esses espaços sejam pouco procurados.
Na Avenida Afonso Pena, principal via da cidade, tem diversos exemplos. Em um, entre a Rui Barbosa e a Rua 14 de Julho, o valor do aluguel mensal está R$ 75 mil. A área é 1,2 mil m² contendo duas salas e três banheiros, além do estacionamento. No local, funcionava o banco Bradesco.
Ainda na Afonso Pena esquina com a Rua Bahia, o antigo prédio do Habib’s está disponível para locação por R$ 70 mil mensais. O local mede 1,6 mil m², com espaço amplo, cozinha, depósitos e banheiros.
Na Afonso Pena também, um salão comercial está disponível. Por lá funcionava uma casa noturna sertaneja, que fechou em 2016. A equipe de reportagem entrou em contato com a imobiliária para saber o valor, mas não conseguiu contato.
Outro local, entre a Rua Pedro Celestino e a Rui Barbosa, tem um prédio comercial de 3,3 mil m², de três andares, pelo valor de R$ 50 mil mensais o aluguel. No subsolo, são 35 vagas de garagem; térreo, salão amplo e no terceiro andar, 15 salas.
Além das locações, outros prédios na região central também estão à venda. É o caso do antigo Clube Sírio Libanês, na Rua Dom Aquino, interditado em 2017. O imóvel comercial custa R$ 4,3 milhões, são 1,2 mil m² de área total, contendo ambiente térreo e piso superior, com varias repartições e banheiros disponíveis.
Conforme informações do índice Fipezap, o metro quadrado no Centro é o segundo mais valorizado, custando R$ 5.583. A região só perde para o Prosa, que tem o metro quadrado a R$ 8.275.
Reflexos - Na visão da presidente do Sindimóveis-MS (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul), Luciana de Almeida, a falta de reforma é o que impacta de novos negócios serem fechados.
“Alguns imóveis grandes e vazios permanecem assim por muito tempo devido à necessidade de serem realizadas grandes reformas e modernizações para que seja possível ser locado”, explicou.
Luciana também associa a situação com altos valores de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana). “O que pode interferir diretamente são os altos valores de IPTU que vão impactar nessa possível locação. E, por vezes, os proprietários desses imóveis não têm condições financeiras de regularizar documentos e fazer as reformas necessárias”, avaliou.
O presidente do Secovi-MS (Sindicato de Habitação de Mato Grosso do Sul), Geraldo Paiva, ainda relaciona com os reflexos da pandemia.
“Estes prédios, a grande maioria de atividades comercias e serviços de lazer, foram os mais impactados com a crise econômica da pandemia. Muitas atividades foram extintas e o mercado com o tempo buscará soluções de ocupação. A região do Centro está sendo mais impactada com esta redução no adensamento. Infelizmente, é uma região dotada de toda infraestrutura urbana que cada vez mais perde moradores”, destacou.
Paiva também lembra do problema com estacionamentos na região. “O Centro de Campo Grande está em processo de redução de atividades, devido à redução de vagas de estacionamento, insegurança, principalmente no horário noturno e êxodo de moradores”, disse.
Para diminuir este problema, o representante do sindicato vê como necessárias ações do poder público por meio de incentivos à recuperação das atividades que possibilitem o retorno da ocupação residencial.
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