Situação na Bolívia vai atrasar negociação da UFN3, avalia secretário
Fechamento de contrato entre a Petrobrás e a russa Acron, compradora da fábrica de fertilizantes, depende de trâmites burocrático
Com capacidade para triplicar a consumo de gás em Mato Grosso do Sul, a fábrica de fertilizantes UFN3, instalada em Três Lagoas, distante 339 quilômetros de Campo Grande, terá cronograma para entrar em funcionamento adiado. A situação se deve ao agravamento da crise na Bolívia. O país vizinho é fornecedor do gás, matéria-prima essencialmente para indústria entrar em operação.
De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, o atraso ficou evidente na última semana, quando o presidente Evo Morales renunciou ao cargo e o número de mortes durante os protestos aumentou. “Esta questão da Bolívia atrasa o cronograma de fechamento dos contratos entre a Petrobrás e Acron. Isso é evidente”, explicou.
O que havia até o momento era um pré-contrato para fornecimento de gás a partir de 2023 com preço fixado. No entanto, trâmites burocráticos afetaram as negociações. Conforme Verruck, ainda não é possível saber de quanto será o adiamento. Em agosto, o presidente da Petrobrás, Roberto Castelo Branco, previa a assinatura do processo de venda até o final daquele mês, o que não ocorreu.
Em setembro, antes das eleições presidenciais na Bolívia, os russos da Acron Group, empresa que vai assumir a fábrica de fertilizantes, e representantes da YPFB (estatal boliviana de combustíveis) firmaram, contrato de venda de gás e criação de empresa de marketing de ureia no Brasil.
O documento previa a compra de 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural no prazo de 20 anos, a partir de 2021 – a empresa do país vizinho também teria 12% da fábrica sul-mato-grossense.
Capacidade – A UFN3 têm capacidade para triplicar o consumo de gás consumido no Estado e administrado pela MS Gás. A previsão é de que a indústria de fertilizantes utilize 2,260 milhões m³ por dia, além de gerar 10 mil novos empregos.
Atualmente, as indústrias, residências e estabelecimentos comerciais e setor automotivo consomem 600 m³ por dia para 10 mil clientes.
A crise na Bolívia também pode afetar os trâmites para por em operação de termoelétrica na região do Pantanal, entre os municípios de Corumbá e Ladário, com capacidade de consumir 2 milhões de m³ de gás por dia.
Sem a instalação destas fábricas, o Estado perderia somente de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cerca de R$ 18 milhões por mês.