Uma manhã sem WhatsApp é sinônimo de prejuízo para empresários
Uma manhã sem o aplicativo WhatsApp é sinônomimo de prejuízo para muitos empresários de Campo Grande. A decisão judicial não cumpriu o prometido de 48 horas sem o app, mas as 12 horas que esteve fora do ar foram suficientes para encontrar alternativas. Aqueles que centralizam ou usam exclusivamente o aplicativo para manter contato com os clientes e receber pedidos de encomendas, chegaram ao prejuízo de 100%.
Esse é o caso da boleira Eliane Gonçalves, proprietária da Sweet Pot, ela vende bolos de pote, não tem loja física, faz suas vendas pelo WhatsApp e só hoje (17) amargou prejuízos de 100%. Normalmente ela começa a receber as encomendas pela manhã e à tarde faz as entregas, porém hoje o dia foi atípico para ela.
Acostumada a vender 60 potes por dia que custam R$ 8 cada, ela conta que pela manhã não recebeu nenhuma ligação, nem SMS ou contato pelo Facebook, onde possui uma página. "Já vi que o negócio vai ser tenso", disse ela, ainda sem o aplicativo.
Segundo Eliane, quando ficou sabendo do bloqueio, ela entrou na página do Fecebook e divulgou que estaria aceitando encomendas pelo telefone, Telegram e por mensagens in box da página. "Fui adicionado todos os meus clientes no Telegram, coloquei o telefone de contato, mas até agora nenhuma encomenda, vou ter que bater de porta em porta para garantir as vendas", lamenta ela que acredita que atualmente as pessoas têm dificuldades em fazer ligações devido as facilidades que o Whats trouxe.
O mesmo acontece com a empresária Marlene Moisés, de 54 anos, proprietária do Orgânica Fios da Terra Delivery. Ela vende produtos orgânicos pelo WhatsApp e recebe as encomendas pelo aplicativo. Segundo ela, até o momento não teve como contabilizar os prejuízos. "A gente atende entre 30 a 50 pessoas em média, por dia, mas só vamos ver os prejuízos quando o aplicativo voltar ao normal e vermos a quantidade de mensagens com os pedidos".
Para não ter tanto prejuízos, uma das formas que encontrou foi outros aplicativos, como o Telegram ou até mesmo a ligação. Até o momento eles atenderam oito pessoas. "Acho que as pessoas tornaram a vida muito dependente do Whats, até para a gente ficou difícil entrar em contato com os clientes", conta.
Por outro lado, Sávio Lima Rocha, sócio proprietário do Bartholomeu, acredita que ainda é cedo para contabilizar os prejuízos. "Por enquanto ainda não registramos quedas, mas creio que vai dar uma diminuída", diz. Mas para garantir as vendas e o contato com os clientes ele foi atrás de outros meios. "Descobrimos o Telegram que está quebrando um pouco o galho, mantemos contato também pelo in box do Facebook e o direct do Instagram além do SMS".
"Acho que se os clientes fazem questão de comprar algum produto eles dão um jeito, tem aqueles, que por comodidade, devem esperar o aplicativo voltar ao normal, mas se for por urgência, o cliente vai buscar outros meios de realizar essa compra", finaliza.
Bloqueio - O WhatsApp foi bloqueado à meia-noite desta quinta-feira (17). A decisão da Justiça, de tirar o aplicativo do ar, foi expedida por conta de descumprimento de ordem judicial de julho deste ano, de uma investigação em São Bernardo do Campo.
A empresa não liberou a quebra de sigilo de dados trocados pelos investigados, mesmo as autoridades que investigam o caso tendo a autorização da Justiça.
No final da manhã de hoje, o desembargador Xavier de Souza, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), determinou o desbloqueio do WhatsApp em todo o Brasil.