Usinas de cana produzem menos, mas comemoram qualidade da matéria-prima
Com o clima desfavorável e a crise econômica, o setor sucroalcooleiro processou, no acumulado da safra 2014/2015, 32,17 milhões de toneladas. O número é 2,71% menor em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul). Ainda assim, o setor comemora a melhora na qualidade da matéria-prima e o aumento do total produzido na primeira quinzena de outubro em comparação com a quinzena anterior.
Na primeira quinzena de outubro foram processadas 3,4 milhões de toneladas de cana, enquanto na mesma quinzena da safra passada foram 1,7 milhões. Os resultados da safra anterior são reflexo de chuvas acima da média histórica e geadas.
De acordo com a Biosul, o índice que mede a qualidade da matéria prima, o ATR/TC (Açúcares Totais Recuperáveis por Tonelada de Cana) atingiu 141,65 kg na quinzena, volume 13,25% maior ao da safra anterior. Já no acumulado, o índice alcançou 129,77 kg, também superior à safra passada.
Mesmo com a crise, a tendência é de crescimento na avaliação do presidente da Biosul, Roberto Hollanda. “O setor tem feito um esforço no sentido de recuperar a produtividade, que no Estado foi mais afetada pelo clima. O primeiro desafio é recuperar a produtividade. Por outro lado, existe uma política de combustíveis no Brasil que desonera a gasolina para conter a inflação e não reconhece o etanol e a energia de biomassa, que gera muito mais emprego e renda”, explica.
O quinto maior produtor de cana do país, Mato Grosso do Sul é representado pela entidade que faz parte do Fórum Nacional Sucro-energético, que há oito anos reúne sindicatos de todo o país. A cada safra o Estado produz 41,5 milhões de toneladas, enquanto o Paraná gera 42,5 milhões de toneladas, ocupando o quarto lugar na lista dos maiores produtores. O primeiro é São Paulo, com produção de 360 milhões de toneladas por safra, seguido de Goiás, com 62 milhões de toneladas e Minas Gerais, com 60 milhões de toneladas.
Dificuldades - Em todo o país, 44 usinas fecharam e 300 mil postos de emprego foram extintos nos últimos seis anos, de acordo com Roberto. Mesmo com as dificuldades, que já resultam na recuperação judicial de duas usinas do Estado, o setor permanece firme buscando aumentar a produtividade e a qualidade da matéria-prima, segundo o presidente da entidade.
Mato Grosso do Sul tem 22 usinas operando, que geram 31.060 empregos diretos e até 93.180 empregos indiretos. A Biosul não fala sobre as que estão com problemas financeiros. Segundo a reportagem apurou, estão em processo de recuperação judicial as usinas São Fernando, em Dourados e a Usinava, em Naviraí. Mesmo com a recuperação, as unidades continuam operando.
“O fechamento das usinas no país impactaram os municípios negativamente. Sabemos que as cidades que têm usinas têm um desenvolvimento maior de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)”, lembra Roberto, ao destacar que o Fórum Nacional mantém diálogo com o Governo Federal, na intenção de conseguir que o potencial da indústria sucroalcooleira seja reconhecido e amparado, como ocorrem em outros setores.