Curso de Jornalismo da UFMS denuncia censura e vai acionar Ministério Público
Páginas informativas foram retiradas do ar pela instituição, sob alegação "equivocada"
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Curso de Jornalismo da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) tem sofrido boicote por parte da instituição, segundo alunos e professores da graduação, e o caso deve ser levado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Sites informativos com fins acadêmicos que foram retirados do ar e até falta de estrutura são as principais reclamações.
Ontem (24), corpos discente e docente se reuniram para discutir problemas e decidiram quais medidas seriam tomadas. Conforme apurado pela reportagem, o assunto deverá ser judicializado na próxima semana, para que os sites sejam restaurados, por meio de liminar.
De acordo com o professor e coordenador do curso, Felipe Quintino, todas as páginas do curso de estão fora do ar desde o início de julho, sob alegação de que infringem legislação eleitoral. Vale ressaltar que, em outros anos eleitorais, os mesmos sites não foram suspensos.
"No nosso entendimento, é uma interpretação equivocada. São páginas ligadas à questão educacional, todas mediadas e com apoio do professor. Não há, nestes locais, qualquer relação política e de propaganda política a qualquer candidato e sim ao ambiente de um processo de ensino-aprendizado.”
Suspensão - Conforme publicação encaminhada pelo Cajor (Centro Acadêmico de Jornalismo), quatro sites foram suspensos, incluindo o institucional do curso; o Primeira Notícia, portal jornalístico referente à disciplina de ciberjornalismo; o Projétil, jornal laboratório do curso e o site de fotojornalismo.
“São locais de experiência acadêmica, científica e do futuro profissional dos estudantes de graduação. A gente espera que essa páginas retornem ao ar, que a Universidade se sensibilize, em relação à reativação dessa página, até porque isso tem atrapalhado a fluência e desenvolvimento das disciplinas", afirma Quintino.
Além de infringir princípios da Constituição, tais como liberdade de imprensa e direito à informação, a suspensão das plataformas provoca dificuldades para que os acadêmicos realizem as atividades práticas, que são obrigatórias para a conclusão do curso.
Outro problema enfrentado é a ausência de técnicos para auxiliarem as disciplinas de radiojornalismo e telejornalismo. Na matéria televisiva, não há mais técnicos de edição e possui apenas um cinegrafista para três turmas.
Em radiojornalismo, a falta de profissionais impossibilita o programa Plural, projeto que demorou oito anos para conseguir ser aprovado. Somente a Rádio Educativa da UFMS, que faz parte da divisão de Comunicação da UFMS e não tem relação com o curso, continua em funcionamento.
Por fim, a transferência da coordenação da Faalc (Faculdade de Artes, Letras e Comunicação) para as proximidades do Lago do Amor também é questionada. Segundo o Cajor, a unidade está distante das salas dos cursos contemplados. “O ‘bloco novo’ não foi entregue nas melhores condições, estando sujo, empoeirado e com acesso precário à internet.”
O Campo Grande News questionou a UFMS, por meio de sua assessoria de imprensa, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. Na próxima quinta-feira (1º), outra reunião será feita entre os representantes do curso para definir novas estratégias.