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Educação e Tecnologia

Expectativa atrai milhares a concurso da PRF e a aposta de futuro em MS

Prova teve mais de 11 mil inscritos, muitos deles de fora do Estado e que foram atraídos por concorrência e bom salário

Humberto Marques e Mirian Machado | 03/02/2019 14:01
Candidato corre para entrar em universidade que é um dos locais de prova do concurso da PRF. (Foto: Paulo Francis)
Candidato corre para entrar em universidade que é um dos locais de prova do concurso da PRF. (Foto: Paulo Francis)

Candidatos que neste domingo (3) prestam o concurso da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Campo Grande veem na prova uma oportunidade de melhoria de vida e de Estado, já que alguns optaram por prestar a seleção em Mato Grosso do Sul e não nos locais onde vivem. A concentração de concorrentes em frente ao campus da Uniderp, na Rua Ceará –região do Miguel Couto– foi intensa até as 12h, quando os portões foram abertos.

A circulação de pessoas na região foi intensa e a chegada de veículos com candidatos causou congestionamentos no acesso da Avenida Afonso Pena à Ceará –na alça sentido centro-bairro. Contudo, próximo ao horário de fechamento dos portões, o tráfego no local foi normalizado, ao passo em que o número de pessoas aumentou.

A relação com os nomes dos candidatos que prestariam as provas no campus acabou arrancada pelo vento, gerando dificuldade para quem tentou confirmar se estava no local certo. Nada, porém, que abalasse a confiança e as esperanças de quem encarou a prova –de olho também em um salário de R$ 9,4 mil. A concorrência era grande: o concurso no Estado teve mais de 11 mil inscritos para as 35 vagas, média de 320 candidatos por vaga. Em todo o país, serão 500 novos PRFs contratados via concurso.

Com a expectativa em vista, bem como a de uma vida menos tumultuada, o mecânico José Geraldo da Silva, 58, trouxe o genro e o filho, policial militar em São Paulo, para prestarem o concurso em Mato Grosso do Sul. “Lá não dá mais. É muito complicado, troca de tiro com bandido todo o dia. Aqui, acho que vai ser mais tranquilo”, disse, acreditando que o filho, de 28 anos –atualmente policial no interior paulista, “onde está pior que na capital”–, não terá tantas dificuldades com o exame porque já é da área policial.

José Geraldo, de "castigo" em busca de candidatos: viagem de 5 horas terá valido a pena em caso de aprovação. (Foto: Paulo Francis)
José Geraldo, de "castigo" em busca de candidatos: viagem de 5 horas terá valido a pena em caso de aprovação. (Foto: Paulo Francis)
Candidatos caminham rumo a local das provas em concurso da PRF, que teve 11 mil inscritos em MS. (Foto: Mirian Machado)
Candidatos caminham rumo a local das provas em concurso da PRF, que teve 11 mil inscritos em MS. (Foto: Mirian Machado)

José Geraldo, agora, pretende ficar “de castigo” esperando os candidatos, para que encarem as cinco horas de viagem de carro de volta a Pereira Barreto (SP). “A rodovia está ruim, mas se eles passarem vai ter valido o esforço”, afirmou.

A arquiteta Laila Luise Alves, 22, aceitou acompanhar o namorado a Campo Grande para que ele prestasse as provas em Mato Grosso do Sul e não em São Paulo, Estado onde vivem. “Eu já conheço Mato Grosso do Sul, tenho uma dia em Dourados”, disse ela. O casal chegou à Capital na sexta-feira (1º) e, depois da obrigação, haverá espaço para um pouco de turismo.

Laila afirma que sugeriu ao namorado que prestasse o concurso no Estado por vários fatores. “É um lugar mais tranquilo, porque São Paulo é muito caos, tumulto. E a concorrência aqui também era menor”, afirmou. A fim de evitarem percalços, decidiram chegar juntos ao local das provas às 11h45 –mais de uma hora antes de os portões serem fechados–, “e já tinha uma fila enorme aqui”.

Experiência – Morador de Campo Grande, Wemerson Amaral Souza, 29, chegou às 12h30 no local, onde colocaria à prova os conhecimentos adquiridos nos quatro anos em que estuda para concursos –que já lhe garantiu aprovação em uma seleção da Prefeitura da Capital, mas manteve o foco em busca de melhores oportunidades.

Vento arrancou lista de candidatos, dificultando consulta. (Foto: Mirian Machado)
Vento arrancou lista de candidatos, dificultando consulta. (Foto: Mirian Machado)
Concorrentes disputam uma das 35 vagas em processo seletivo. (Foto: Mirian Machado)
Concorrentes disputam uma das 35 vagas em processo seletivo. (Foto: Mirian Machado)

Souza disse não ter se intimidado com a concorrência. “Já fiz outros que estava pior, o do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), por exemplo”, afirmou. Na expectativa por um resultado positivo, ele garante que “a questão é ter dedicação, confiar em si e tentar”. Discurso semelhante ao de Aislan Gomes, 39, morador do São Francisco que afirma estar há seis meses estudando para as provas. “Está bastante concorrido, vai ser uma prova nível Polícia Federal”, apostou, citando um dos processos seletivos considerados mais difíceis do país.

Em contraponto, Mateus Ortiz, 22, disse estar tranquilo. Morador do Aero Rancho, ele afirma usar o concurso como uma “oportunidade de aprendizado”. “Vim para aprender, mas caso eu passar vai ser um lucro”, disse.

Atrasos – Os portões da Uniderp foram fechados às 13h10, tempo suficiente para que dois candidatos corressem e conseguissem entrar no local das provas. Mesma sorte não tiveram outros dez concorrentes que a reportagem identificou.

Destes, ao menos sete inscritos disseram ser de outras regiões do país e admitiram terem enfrentado um problema comum: confundiram o horário das provas com o de Brasília. Como o exame é o mesmo para candidatos em todos os Estados onde ocorrem as provas, adota-se o horário oficial do país para o início –no qual os portões seriam fechados às 14h10, uma hora a mais que o fuso horário de Mato Grosso do Sul.

Jorge Douglas Souza Ferreira, de Campo Mourão (PR), disse ter viajado 500 quilômetros sozinho para prestar o concurso em Mato Grosso do Sul –onde já havia feito o processo seletivo para a Polícia Militar. Além dele, candidatos de outras cidade do Paraná, São Paulo e do Rio de Janeiro não conseguiram entrar.

Baggio explica que concurso terá mais três etapas antes do treinamento do pessoal. (Foto: Mirian Machado)
Baggio explica que concurso terá mais três etapas antes do treinamento do pessoal. (Foto: Mirian Machado)

Reforço – Responsável pela Comunicação da PRF no Estado, o inspetor Tércio Baggio antecipa que as 35 vagas abertas no Estado não cobrem o déficit de policiais existente: hoje, segundo ele, são 415 policiais na ativa, mas seriam necessários 800.

“Existe um ritmo de aposentadoria muito grande e essas 35 vagas não são suficientes, mas, se continuar nesse tipo realizando concursos, talvez consigam atender a demanda daqui um tempo”, avaliou.

Segundo Baggio, além da prova escrita, a avaliação envolverá exames médico, físico e psicotécnico. “O candidato habilitado depois dessas fases vai para a academia em Florianópolis (SC) para o curso de formação, de quatro meses, e depois volta”, afirmou. Os novos PRFs terão, entre suas atribuições, a fiscalização das rodovias federais, o combate ao crime organizado em práticas como tráfico e contrabando “e buscar um trânsito mais seguro”.

Quando a concorrência, o inspetor considera que, junto ao bom salário e da estabilidade funcional, “a pessoa se sente respeitada pela sociedade. Além, para ser um bom policial, segue-se uma vocação, fazendo o que se gosta, o que se sonha”.

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