Projeto sobre mudanças climáticas leva estudante de MS a universidade nos EUA

Entre quatro brasileiros, o jovem pesquisador e futuro engenheiro ambiental Teruo Yamada, de 21 anos, foi o único sul-mato-grossense que teve a oportunidade de participar de um intercâmbio na Universidade de Nevada, nos Estados Unidos. Durante a estadia, Teruo estudou sobre mudanças climáticas e compartilhou informações sobre o Pantanal sul-mato-grossense.

Sua participação foi garantida pela bolsa SUSI GSL (Study of the U.S. Institutes for Global Student Leaders), voltada para mudanças climáticas e meio ambiente, oferecida pela Universidade de Nevada. Teruo explica que a bolsa foi conquistada após três etapas de avaliação.

Após ser aprovado, Teruo, junto a outros três brasileiros, viajou para os Estados Unidos, onde, durante o programa, puderam trocar experiências com estudantes de Bangladesh, Indonésia, Jordânia e Nigéria. “Trouxe a cultura do meu Brasil, em específico, o Centro-Oeste, para o programa mudanças climáticas globais realçando aspectos de como nossa fauna e flora do Pantanal é importante para o mundo”, comenta Teruo.

Ele permaneceu cerca de um mês na cidade de Reno, de 21 de junho até 24 de julho deste ano, onde participou de várias atividades de serviço humanitário e ações educativas sobre as mudanças climáticas.

Teruo e seus colegas do programa também realizaram uma ação de limpeza do lago Tahoe, em Nevada. “Foi um serviço comunitário que ajudou a entender como as questões climáticas afetam essas áreas. Além disso, distribuímos comida para pessoas carentes e aprendemos como as questões climáticas afetam essas pessoas. Fomos lá para tentar de alguma forma ajudar o estado de Nevada”.

Durante o programa, Teruo também teve a oportunidade de visitar a empresa americana Tesla, do ramo automotivo e de armazenamento de energia. Além da experiência, agora o jovem sul-mato-grossense é considerado um “alumni” da Universidade de Nevada, termo utilizado para se referir a ex-alunos de uma universidade, e um dos representantes brasileiros do programa.

Trajetória - Em conversa com o Campo Grande News, Teruo explica que, para chegar a esse intercâmbio, percorreu uma longa jornada acadêmica. Nascido em Campo Grande, ele mudou-se para Itaporã, a 234 km da Capital, onde morou até os oito anos.

Aos seis anos, seu pai, um militar do Exército, faleceu devido a um infarto. A partir de então, sua mãe, viúva, teve que criar os dois filhos sozinha. “Ela sempre incentivou muito os estudos”.

Posteriormente, a família retornou à Capital, onde Teruo e seu irmão estudaram no Colégio Militar de Campo Grande. No início, ele enfrentou dificuldades de aprendizado, mas, ao ingressar na faculdade, buscou melhorar essa situação. “Eu era um aluno mediano, mas quando entrei na faculdade, procurei me envolver em diversas atividades, como empresa júnior e organizações não-governamentais”.

Uma das experiências fundamentais para Teruo foi integrar um projeto de iniciação científica na graduação, no grupo de pesquisa HEroS (Hidrologia, Erosão e Sedimentos). “Desenvolvi um projeto de iniciação científica sobre identificação e precisão de eventos extremos hidrológicos na bacia do Mato Grosso do Sul, utilizando machine learning. Esse projeto despertou em mim o interesse por entender cada vez mais as mudanças climáticas regionais e globais”.

Essas diversas experiências na universidade foram essenciais para que Teruo pudesse concorrer à bolsa integral da SUSI GSL. “Conheci o programa através do professor Ariel Gomes Ortiz, que me recomendou para a entrevista com o pessoal do consulado em Brasília. Passei por uma seleção em nível estadual, nacional e, finalmente, internacional”.

Projeto para 2025 - Dentro do programa, os participantes são incentivados a desenvolver um projeto para impactar a comunidade de sua região e mitigar os impactos das mudanças climáticas. Teruo propôs um projeto para reduzir o conceito de fast-fashion e gerar renda para comunidades economicamente vulneráveis.

Esse conceito que ele mencionou refere-se a um modelo de negócio que foca na produção rápida e em grandes quantidades de peças de vestuário. “Muitas grandes empresas, como a Shein, produzem roupas com foco no uso e descarte. A ideia é reduzir o descarte de roupas e reintroduzi-las ao mercado”, explica.

O projeto, chamado “Eco-up Design”, pretende impactar 50 mulheres, oferecendo aulas de tecelagem, costura, empreendedorismo sustentável e social, com o objetivo de melhorar suas condições financeiras. “A ideia é que o dinheiro arrecadado permita que elas abram seus próprios negócios e se tornem economicamente independentes. Esse recurso será revertido para as trabalhadoras que realizarem o trabalho”, diz Teruo.

Ele destaca que participar do intercâmbio do SUSI GSL 2024 sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente foi uma experiência decisiva para seu futuro e sua escolha profissional na Engenharia Ambiental.

“Com o conhecimento e as experiências adquiridas durante o programa, estou confiante de que poderei contribuir para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas em minha cidade e promover um futuro mais sustentável”, comenta o jovem pequisador.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.