Corumbaense vira o ano sem saber onde vai jogar em 2018
Liga de Corumbá quer R$ 15 mil de aluguel do Arthur Marinho, mais a arrecadação do bar, livre da manutenção do estádio. Clube não aceita
Em três competições nacionais em 2018, além da defesa do título de campeão sul-mato-grossense, o Corumbaense vai virar o ano sem saber onde mandará seus jogos na Copa Verde, Copa do Brasil, Série D do Campeonato Brasileiro e no Campeonato Estadual. A estreia na Copa Verde, em casa, está prevista para o dia 21 de janeiro, contra o Ceilândia (DF), e depois disso, conforme as tabelas previamente divulgadas, jogará pelo Estadual diante do Operário de Dourados, dia 31, e pela Copa do Brasil no dia 7 de fevereiro contra o ASA de Arapiraca (Alagoas).
É uma luta contra o tempo, mas o que deveria ser apenas um encontro para cumprir formalidades, considerando o fato de o Corumbaense ser o único clube de futebol profissional da cidade, o que naturalmente já sugere a união de forças, terminou sem acordo a reunião da diretoria do clube com a direção da LEC (Liga de Esportes de Corumbá) sobre a liberação do Estádio Arthur Marinho para o time da casa mandar seus jogos.
“Buscamos uma parceria, mas estamos enfrentando fogo amigo (expressão eufêmica que define ataques entre aliados). A LEC quer aluguel de R$ 15 mil, mais a arrecadação do bar, e que o Corumbaense se responsabilize pela manutenção do estádio. Isso não é parceria, é uma proposta inviável para nós que já lutamos com muitas dificuldades para manter o nosso time em atividade”, disse o presidente do Corumbaense, Luiz Bosco Delgado, em entrevista ao Campo Grande News, por telefone, neste domingo (31).
Segundo Bosco Delgado, o Corumbaense apresentou uma contraproposta pontuada em três opções para a direção da LEC escolher qual a que melhor atenderia suas necessidades, mas além de exigir condições que iriam comprometer as finanças do clube em 2018, o presidente da LEC, Leôncio Ribeiro Raldes, mostrou total descompromisso com o fato de que Corumbá irá representar Mato Grosso do Sul em competições nacionais e não poderia abrir mão do direito de ter o time da casa jogando diante da sua torcida.
“Ele (o dirigente da Liga) respondeu que, por hoje ser domingo e amanhã será feriado, não conseguirá reunir a diretoria, e como irá viajar na terça-feira, dia 2, só poderá analisar a nossa contraproposta no seu retorno a Corumbá no dia 9. Essa atitude mostra sua total falta de interesse em um assunto muito importante para Corumbá”, lamentou o dirigente do Corumbaense.
Um dos pontos conflitantes diz respeito ao direito pela exploração do bar do Estádio Arthur Marinho. O Corumbaense faz questão de explorar o bar e a Liga não parece querer abrir mão da arrecadação com a venda de bebidas. “O bar chega arrecadar até R$ 7 mil por jogo”, revelou Delgado.
A CONTRAPROPOSTA – Os três opções apresentadas pelo Corumbaense diante da proposta da Liga, segundo Luiz Bosco Delgado, também irão exigir sacrifícios na temporada de 2018, mas acredita que são condições que darão perspectivas de fôlego financeiro ao clube. Confira abaixo:
1) - R$ 5 mil de aluguel mensal e 5% da renda dos jogos com o clube se responsabilizando pela manutenção do estádio em troca do direito de explorar o bar e usufruir da praça esportiva não apenas para jogos, mas também para outros tipos de eventos, como shows musicais;
2) - R$ 10 mil de aluguel sem o bar . O restante prevalecem as condições do item 1;
3) – Pagamento de 5% de toda a renda dos jogos do Corumbaense. Para os jogos de porte maior o clube poderá aumentar o percentual para mais um 1% da renda.
OPÇÃO PELO DOURADÃO – Diante do impasse sem perspectiva de consenso, o presidente do Corumbaense reiterou neste domingo que a única certeza por enquanto é a de que o clube mandará os seus jogos no Estádio Douradão, em Dourados.
“É a cidade menos longe de Corumbá”, afirmou Luiz Bosco Delgado, que na última sexta-feira (29) havia declarado ao Campo Grande News que o Estádio Douradão, em Dourados, e o Andradão, em Nova Andradina, seriam o plano B do Corumbaense.
Quando diz que a questão não é optar pela cidade mais próxima, mas pela cidade menos longe, o dirigente se refere ao fato de que Dourados está a 570 km de Corumbá (1.140 km ida e volta) e Nova Andradina a 716 km (1.433 km ida e volta). São quase 300 km a menos de diferença.
HISTÓRICO - Sem acordo com a Liga para renovar um convênio de 2007, o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes, determinou a retirada de todos os equipamentos comprados com dinheiro público que estavam instalados no estádio, desde aparelhos de ar condicionado, placar eletrônico e até o carrinho de maca, e devolveu a administração do Arthur Marinho para a Liga na última quarta-feira (27).
Agora, o Corumbaense depende de um acordo com a direção da Liga de Esportes de Corumbá para poder mandar os seus jogos em 2018 diante da sua torcida no Estádio Arthur Marinho.