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Esportes

Esporte olímpico, skate pena para se fortalecer em MS: "sonho distante"

Conforme estimativa da Associação de Skatistas do Estado, são cerca de 500 praticantes da modalidade

Por Gabriel de Matos e Geniffer Valeriano | 24/10/2023 07:38
Pista de skate do bairro Cophavilla 2 ao lado de lixo acumulado (Foto: Alex Machado)
Pista de skate do bairro Cophavilla 2 ao lado de lixo acumulado (Foto: Alex Machado)

No centro de Mato Grosso do Sul, Campo Grande tem poucos espaços para a prática de skate. Dentre eles, estão as pistas do Parque das Nações Indígenas, Horto Florestal, Orla Morena e Cophavilla 2. A situação mais crítica fica nas regiões distantes do Centro.

No momento, o Estado também não conta com uma federação ativa para a modalidade. Atualmente, quem organiza campeonatos e similares em Mato Grosso do Sul é a Associação de Skate de Mato Grosso do Sul. O vice-presidente é o Eric Fossati, de 41 anos.

Ele explica que a associação nasceu justamente para suprir uma demanda do skate no Estado. "A gente tem um trabalho para fomentar a modalidade aqui no Estado. A gente faz uma provocação justamente para conquistar novos espaços", explica Fossati.

O vice-presidente diz que a Associação está ativa há oito anos. Ele destaca que a modalidade é tratada com preconceito por quem não a pratica. "O skate é uma cultura de rua e também é um esporte olímpico. E muitas vezes tratado com preconceito por ser considerado de marginal". Segundo levantamento da associação, são cerca de 500 atletas praticantes em Mato Grosso do Sul.

O preconceito começa dentro da gente. Eu já sofri muito por praticar. Mas a gente abraça a questão cultural", define Eric.

Ele espera que em dez anos a situação esteja melhor que hoje em dia. "Mato Grosso do Sul acaba perdendo nomes porque não estrutura. Muitos vão para o Paraná ou São Paulo e aqui tem muita pista sem condições".

Buraco e rachadura na parte superior de rampa no Coophavilla (Foto: Alex Machado) 
Buraco e rachadura na parte superior de rampa no Coophavilla (Foto: Alex Machado)

Pistas - Como citado anteriormente, Campo Grande conta com ao menos quatro praças disponíveis para a prática de skate. São elas: o Horto Florestal, Parque da Nações Indígenas, Coophavilla 2 e Orla Morena.

A pior situação encontrada foi na Rua Marambaia, no Coophavilla, região oeste de Campo Grande. Além do abandono, foi visto até um caminhão abandonado e muito lixo acumulado ao lado de onde deveriam ter atletas realizando manobras.

Na parte estrutural da pista, há vários buracos que impedem a utilização. Por lá, não foi observado ninguém andando. Apenas uma moradora, Helena Maria de Souza, de 65 anos.

Buraco na parte inferior de pista de skate no Coophavilla 2 (Foto: Alex Machado) 
Buraco na parte inferior de pista de skate no Coophavilla 2 (Foto: Alex Machado)

Ela explica que aos finais de tarde a pista até é movimentada. "Usam aí direto. Não tem ninguém agora, mas vive cheio, mesmo assim, acabada do jeito que ela está", contou, acrescentando que área é usada como lixão. "O povo começou a jogar lixo aí de todo lado, faz um mês que começaram".

A Orla Morena e todo seu complexo foi inaugurado em 2010. O local é conhecido por ser um dos principais pontos de lazer na região dos antigos trilhos. A praça conta com uma pista de skate movimentada e que está em melhores condições. No local, foram relatados problemas pontuais.

Diferentemente do Coophavilla, a Orla Morena tinha skatistas praticando. Um deles, Omar, de 17 anos, opinou que o poder público poderia dar uma "repaginada nas pistas".

Completo de rampas e locais de manobra na Orla Morena (Foto: Alex Machado)
Completo de rampas e locais de manobra na Orla Morena (Foto: Alex Machado)

Sonho distante - Os skatistas entrevistados relatam cenário difícil para se desenvolver na modalidade em Mato Grosso do Sul. Para todos, chegar a ser profissional é um sonho distante. Omar complementou que para ele é impossível viver de skate na Capital:

É um sonho meio distante, né? As próprias competições que tem são mais para divulgar a loja, tá ligado? Para ter oportunidade teria que ir para uma 'São Paulo' da vida. Tem que ir para um lugar que tem uma infraestrutura um pouco maior e de mais incentivo", descreveu o menino de 17 anos.

O skatista Jackson Jara, de 18 anos, pratica a modalidade há três anos. Ele diz que as competições são para propaganda de lojas. "É bem mais difícil de chegar no profissional e tem que ser o primeiro amador aí depois o profissional. Mesmo andando muito, a galera aqui ainda é tudo iniciante aqui, cê 'tá' ligado?".

Jackson Jara fazendo manobras na pista da Orla Morena (Foto: Alex Machado)
Jackson Jara fazendo manobras na pista da Orla Morena (Foto: Alex Machado)

Essa é a mesma opinião de Nicolas Saltanha, de 21 anos. Para ele, falta incentivo, mas não falta interesse. "O campeonato que aconteceu aqui foi feito por uma igreja, tipo se tiver incentivo vem bastante de fora”.

Eles reclamaram ainda que o trabalho para manter a pista e a modalidade 'vivas' é de formiguinha. Os skatistas disseram que muitas pessoas jogam lixo nas pistas e que antes de usar as pistas é preciso fazer uma limpeza.

Outras reclamações envolvem as proibições em lugares como a Praça Elias Gadia e a Belmar Fidalgo. Além disso, na pista da Orla Morena, eles disseram que falta bebedouro.

Desnível e buraco na pista da Orla Morena (Foto: Alex Machado)
Desnível e buraco na pista da Orla Morena (Foto: Alex Machado)

Posicionamentos do Governo e Prefeitura - A Funesp (Fundação Municipal de Esporte) disse que está em processo de reforma e manutenção de duas pistas. Além disso, que há licitação em andamento para reforma da pista do Parque do Sóter. Além disso, a pista da Orla, região do bairro Amambai, está na programação de manutenção e pequenos reparos pela própria Fundação.

Sobre o incentivo, a Prefeitura informou que coloca à disposição para atletas o benefício do Auxílio Atleta. Porém, "nenhum skatista da cidade realizou o cadastramento para solicitação do recurso. O benefício pode disponibilizar o valor de até cinco mil reais, para despesas com estadia, alimentação, inscrições, entre outras despesas referente a competição".

Grafites nas rampas e paredes são cenários 'comuns' em pistas de skate (Foto: Alex Machado) 
Grafites nas rampas e paredes são cenários 'comuns' em pistas de skate (Foto: Alex Machado)

A Fundeporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) ressalta que Campo Grande tem previsto uma nova pista de skate nas Moreninhas com aporte de R$ 1 milhão. "O projeto de obra foi elaborado por uma empresa especialista em empreendimentos voltados à modalidade e está em fase de finalização, sob análise da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). Posteriormente, entrará em licitação de execução. Todo o processo está sendo discutido junto à Associação de Skate de Mato Grosso do Sul, com quem realmente pratica e entende do esporte para que seja um espaço duradouro e de qualidade.

A nota complementa que há o apoio em competições nacionais, internacionais e eventos protocolados pela Associação e prefeituras. "Recentemente, foi custeada a participação da delegação sul-mato-grossense, composta por 14 skatistas de Campo Grande, Chapadão do Sul, Corguinho, Costa Rica e Dourados, na Seletiva Regional Centro-Oeste de Skate Street, em Cuiabá (MT). A competição definiu os representantes para o Campeonato Brasileiro".

Pista de skate do Parque das Nações Indígenas (Foto: Mylena Fraiha)
Pista de skate do Parque das Nações Indígenas (Foto: Mylena Fraiha)

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