Ex-dirigente pede a renúncia de Cezário para recuperar o futebol em MS
Dirigente do Operário de Campo Grande nos anos de 1970 e 1980, período áureo do futebol sul-mato-grossense, o administrador de empresas, Inocêncio Amorim, disse nesta sexta-feira que o presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), Francisco Cezário de Oliveira, deveria seguir o exemplo do presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, e renunciar ao cargo que já ocupa initerruptamente desde 1998.
“A Federação vem sendo sepultada ano após ano, como conseqüência obvia da falta de capacidade administrativa dos seus dirigentes, e leva junto os nossos clubes, que perderam seus patrimônios para os credores, e também o interesse do torcedor. As novas gerações nem sabem que um dia existiu futebol profissional em Mato Grosso do Sul”, reclama Amorim, com a experiência de quem começou a militar no esporte como diretor financeiro da extinta Liga Esportiva Municipal Campo-grandense no período de 1965 a 1968, depois, já nos anos de 1970 e 1980, fez parte do Conselho Deliberativo do Operário e, já nos anos de 1990, foi por um ano presidente do Conselho Fiscal da FFMS no primeiro mandato de Francisco Cezário de Oliveira.
O ex-dirigente considera que a renúncia de Cezário, recentemente empossado para um novo mandato até 2019, abriria oportunidade para novas ideias e uma nova forma de administrar o futebol com gestão moderna e profissional.
“Se sonhamos em recuperar a credibilidade do nosso futebol, devemos partir para um recomeço, uma nova realidade, a partir de uma Federação que respeite os clubes não como cabrestos eleitorais para garantir sucessivas reeleições e mudanças de estatuto, mas como parceiros de uma gestão capaz de trabalhar com planejamento e organização nos setores administrativo, financeiro, marketing e comunicação, que tenha capacidade de trabalhar com receitas e despesas e, especialmente, transparência”, sugere Amorin.
PASSADO DE GLORIAS - “Na década de 70 e até metade da década de 80, o futebol sul-mato-grossense foi forte e respeitado, com o meu saudoso Operário e o nosso rival Esporte Clube Comercial. Infelizmente hoje é só lembrança para os que tiveram o privilégio de viver naquela época. Aos que não tiveram a mesma sorte lamento dizer que de lá para cá a falta de profissionalismo na administração do nosso futebol fez com que não sobrasse nem mesmo referências que sirvam pelo menos de imaginação para os mais jovens”, criticou.
Como exemplo da força que o futebol local já teve no passado, Amorim conta que lendário treinador Carlos Castilho, reunia os repórteres setoristas do Operário logo que a CBF divulgava a tabela do Campeonato Brasileiro para fazer projeção sobre as possibilidades do clube na competição.
“Contra times médios como Goiás, Coritiba, Atlético Paranaense, Figueirense, por exemplo, ele cravava vitória certa tanto fora quanto em Campo Grande, e contra times grandes como Santos, Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Inter e outros do mesmo nível a previsão era vitória no Morenão e empate na casa do adversário. Contra os times do Rio, Flamengo e Vasco, principalmente, ele colocava um ponto de interrogação porque os clubes cariocas costumavam ter ajuda da arbitragem”.
Segundo ele, na época era raro um campo-grandense dizer que torcia para uma equipe que não fosse Operário ou Comercial. No entanto, lamenta o ex-dirigente, o futebol em Mato Grosso do Sul caiu em desuso, os clubes se enfraqueceram e as novas gerações não encontram motivos para torcer pelas equipes locais.