Pelo esporte e inclusão social, Futsurdos busca vencer dentro e fora das quadras
Foi em busca da inclusão social no esporte e para romper com as barreiras do preconceito que, em 1990, um grupo se uniu e formou o primeiro time de surdos e deficientes auditivos de Campo Grande. Denominados Pastoral dos Surdos Futsal Clube, devido aos praticantes frequentarem um colégio católico da Capital, há mais de vinte anos a equipe existe.
Em 2012, o grupo passou a se chamar CGSFC (Campo Grande dos Surdos Futsurdos Clube), para integrar participantes de outras religiões. Desde então, a equipe presenta a cidade e o Estado em diversos campeonatos.
"Temos quatro anos no CGSFC, mas de pastoral são 26 anos de história. O objetivo era tirar os surdos das ruas e afastá-los do consumo de drogas, álcool e violência pela preocupação dos pais. Surgimos utilizando espaço da quadra do colégio Dom Bosco, sedido pelos padres responsáveis", explicou o presidente do time Samuel Ferreira de Souza, 43 anos.
Os atletas se encontram sempre aos sábados para realizar os treinos, das 15 horas às 18 horas. Dentre as competições que o Futsurdos participou estão torneios estaduais, interestaduais e nacionais. "Às vezes participamos de competições em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás, por serem estados mais próximos e a organização nos convida", afirmou.
Recentemente a equipe esteve em Rondonópolis (MT). Com dez equipes inscritas no torneio, o CGSFC venceu quatro das cinco partidas e se sagrou campeã. Da equipe ainda sairam o artilheiro e o melhor goleiro da competição, o que rendeu três troféus para o time. Apesar do bom desempenho, Samuel lamenta a falta de apoio.
"Não tivemos ajuda financeira para competir, e os gastos foram pagos com dinheiro do bolso de cada jogador, o que totaliza R$ 2,5 mil em despesas. Portanto, é importante que o governo e município auxilie nossa equipe".
Preconceito - Para Samuel, nas competições as equipes sofrem preconceito por parte da arbitragem e em jogos inclusivos, onde atletas que possuem alguma deficiência e atletas que possuem a audição jogam juntos.
"A arbitragem não respeita os comentários do capitão surdo ou do técnico, eles riem como provocação. Em jogos inclusivos acontece a mesma coisa. Algumas pessoas na sociedade não conhecem os surdos, falam que não podemos participar de torneios por não ouvir o apito do árbitro. Me sinto discriminado, porque nós temos o corpo físico igual ao dos demais".
A solução para o fim da desigualdade dentro e fora das quadras é a mesma: informação. "Falta capacitação de libras. Explicar as teorias e aperfeiçoar todos os indivíduos para que a comunidade surda seja incluída", finalizou Samuel.