Uma nem tão fantástica fábrica de denúncias
Nem tão fantástico – A expectativa que se criou domingo (28) sobre material do Fantástico, envolvendo políticos de Mato Grosso do Sul, não se confirmou. A reportagem-denúncia endossou discurso de empresários que se diziam vítimas de um esquema de extorsão, mas ‘esqueceu’ de mostrar quem eram os denunciantes.
Bando de picaretas – Ao longo da segunda-feira (29), o Governo do Estado revelou que os denunciantes estavam há tempos na mira do fisco estadual, visando levar por terra a ‘bomba’ lançada via televisão. “Aquilo não é empresário, mas um bando de picaretas que queria fraudar o Estado”, disse logo pela manhã, em agenda no interior, o governador, Reinaldo Azambuja (PSDB).
Nada a ver – O secretário estadual de Governo, Eduardo Riedel, deu entrevista sobre o assunto à tarde. Para ele, a denúncia dos empresários perdeu o sentido na própria reportagem do Fantástico: "o vídeo [com suposto pagamento de propina] mostra duas pessoas que não têm nada a ver com o governo".
Claramente – Nem o discurso de que o Executivo de MS estava se defendendo é aceito pela equipe de Reinaldo em relação ao caso. “Não é uma defesa do governo. Estamos colocando claramente os fatos e os pontos das pessoas que estão acusando”, pontua Riedel.
Fraudulentos – “Não posso falar se é retaliação ou não”, respondeu o secretário ao ser questionado sobre o assunto. E acrescentou: “O que a gente pode claramente demonstrar é que são empresários fraudulentos à primeira instância. As instâncias de investigação vão confirmar ou não, mas vão apurar a veracidade de todos esses fatos. Para nós até hoje está claramente demonstrado fraudes que eles cometeram”.
No STF – Agora, o caso caminhará a cargo da Polícia Civil e Ministério Público Estadual. Além disso, o governo brigará no STF (Supremo Tribunal Federal) para derrubar definitivamente os incentivos fiscais às empresas envolvidas na denúncia.
MPE no caso – O MPE, inclusive, soltou nota ontem à tarde informando que pediu ao STF documentação sobre as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do JBS, no que tange a autoridades de Mato Grosso do Sul. Promete apurar o caso.
Procedimento – O procurador-geral de Justiça em exercício, Humberto Brittes, também informou que foi instaurado procedimento com base na denúncia que o Fantástico veiculou. Isso horas depois de o próprio governo dizer que acionaria o MPE.
Avaliação política – A OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul), tem observado de perto os últimos acontecimentos no âmbito do poder. Fará “uma avaliação política” sobre as denúncias, conforme explica o presidente, Mansour Elias Karmouche.
Nosso papel – O papel dos advogados também está na mira da Ordem no decorrer das investigações. “Vamos cumprir nosso papel, que é avaliar a situação e cobrar se houver irregularidades”, diz Karmouche.
(com Osvaldo Junior, Leonardo Rocha e Lucas Junot)