De Correios a hotel, prédios demolidos são histórias destruídas
Construções foram destruídas e resistem graças a fotografias e memórias de quem viveu no mesmo tempo que elas
Registros mantidos pelo Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande), memórias repassadas oralmente e fotos divulgadas nas redes sociais fazem com que histórias destruídas fisicamente continuem existindo. Exemplo disso são prédios construídos no início do século passado, quando a Capital estava em pleno desenvolvimento, mas que foram demolidos com o passar do tempo.
Caracterizando parte das estruturas que foram destruídas, uma Revista Arca de 2006 (Arquitetura em Campo Grande, cenários da história da Cidade) ajuda a entender o cenário do início do século passado que não foi perdido graças aos registros mantidos com o passar do tempo.
“A cidade transformava-se dia-a-dia em roteiro dos mercadores de produtos dos grandes centros e das construções. Construíram-se teatros, cinemas, clubes, hotéis, cafés, comércios e residências e, aos poucos, as edificações de alvenaria de tijolo maciço começaram a ser mais elaboradas”, descreve a publicação.
Destacando o estilo eclético como uma substituição para as casas de taipa, a análise é de que a evolução podia ser vista através da arquitetura. “A estética vigente na época era vinculada ao ecletismo, um estilo arquitetônico que resgatava o passado por meio do emprego de elementos construtivos de dois ou mais estilos de origens diversas”.
Ao falar de Campo Grande, o ecletismo é citado pelo Arca em construções como a Morada dos Baís e Colégio Osvaldo Cruz, assim como o conjunto de fotografias aqui inserido, incluindo a antiga agência dos Correios.
Especificamente sobre o modo de construção, os trabalhadores eram de Campo Grande, mas parte dos produtos era importada. “A história da construção civil em Campo Grande registra no final dos anos de 1910 e início dos anos de 1920 o trabalho de mestres construtores como os imigrantes italianos Adolfo Stefano Tognini, Manoel Secco Thomé, Manoel Rosa, Luiz Pepino, os irmãos, imigrantes espanhóis José, Inácio e Vicente Gomes Domingues, além de Francisco Luiz Seccomani, entre tantos outros”.
E, em relação à estrutura da cidade como um todo, há a seguinte narração: “em 1922, a cidade tinha 8.200 almas, 950 casas, 58 automóveis e 325 veículos diversos”, relatou o prefeito Arlindo de Andrade Gomes. Sobre o cenário da época, imigrantes eram incentivados a permanecerem por aqui através de doações de terrenos para a construção de moradias.
De acordo com a publicação do Arca, foram os engenheiros militares que executaram o plano de abastecimento de água e auxiliaram na implantação de praças no bairro Amambaí.
Em matéria publicada pelo Lado B em 2023, falamos sobre como as placas de “vende-se” na região do bairro São Francisco podem anunciar o fim da arquitetura original do bairro. A reflexão feita pelo arquiteto e superintendente do Iphan/MS, João Santos, também pode ser aplicada por aqui.
Na época, ele explicou que a demolição de casas antigas ou a descaracterização é um movimento comum no mundo todo. “É o poder de novidade. Esse poder da novidade geralmente interfere no poder de antiguidade, no valor de antiguidade, e nos valores antigos mesmos, da própria residência antiga, do imóvel antigo ou de um imóvel de caráter histórico”.
Assim como ocorreu com as construções citadas anteriormente, casas e comércios desenvolvidos por arquitetos, engenheiros e construtores se tornaram fantasmas na cidade.
Conforme divulgado pela revista da Arca, os projetos foram desenvolvidos, em parte, por imigrantes italianos, portugueses e espanhóis. “Existe uma outra história contada pelos casarões ou casinhas mais modestas, mas não menos importantes, para a compreensão da arquitetura como um arquétipo sociocultural da cidade de Campo Grande”.
Entre os projetos que guardam a história estão construções que vão desde 1910 até 1951. Evangelo Palieroqui, Luciano Seccomani, Antônio Norberto de Almeida e Durval Ourives são alguns dos nomes responsáveis pelo desenvolvimento.
Confira abaixo:
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