A Culpa é do Grave mostra que cena black resiste com 1º baile da década
Grupo organiza bailes sucessivos envolvendo a cultura da black music
É real, a cultura da black music está viva em festas de Campo Grande. O primeiro baile da crew A Culpa É do Grave reuniu tribos do mundo inteiro em uma só festa, na noite de ontem. Desta vez, o evento aconteceu na Rotunda, mas o próximo já tem local definido, na Estância Sol Ipê, no Tirandentes, zona Leste, no dia 21 de fevereiro.
O Lado B foi conferir de perto e encontrou um mundo paralelo. Desconhecidos que viraram uma grande família. O mais interessante é que todos os presentes participam da festa de alguma forma, seja se apresentando ou dançando muito. Outro ponto a ser destacado, a forma como dizem ondem moram, não se apresenatm por bairro, mas por regiões da cidade: "Sou da Zona Leste", "Da Zona Norte", "Zona Sul"... e, por aí vai.
À frente da produtora A Culpa é do Grave, o DJ Lucas Moura, de 25 anos, explica que há dois anos, o grupo organiza bailes sucessivos de cultura black music pela cidade. Os eventos envolvem rap, trapp (sub gênero do rap), funk, Dancehall (Jamaica), Afrobeat (Nigéria), música eletrônica e seus sub gêneros e tudo que tenha ligação com batidas graves e a cultura negra.
“Fazemos essa mistura e essa reunião de tribos, porque toda música tem essa origem africana e todas elas têm o tom de superação, a fuga da realidade opressora. A festa Ghetto sound é a sonoridade dos “guetos”, em um só lugar. Coisa que não se via em Campo Grande”, pontua Lucas.
Quando morou em Florianópolis, Lucas produzia a festa Blame, culpa em inglês, e uma amiga do Rio Grande do Sul, a festa Grave. Como ambos sempre foram fãs do bass music, os amigos juntaram forças, uniram a ideias e as festas agora são feitas por aqui.
O professor de Educação Física Gustavo Jordão Arashiro chegou ao rolê de bike. Ela já acompanha o trabalho da produtora A Culpa é do Grave, mas ficou sabendo da festa Guetto Sound pelo Facebook.
“A energia é boa. E a diversidade de sons me arrepia. Aqui a galera dança, eu por exemplo danço break, danço funk e aqui não tem essa de vir só para postar no Insta, a galera vem para aproveitar”, frisa.
A gerente da Rotunda e acadêmica de História Sara Vital, de 23 anos, explica que a ideia é abrir o espaço para rolês culturais. Enquanto o bar e a cozinha ficam para a casa, o espaço é todo para os organizadores.
“Queremos difundir esse tipo de festa, que às vezes não tem espaço no restante da cidade. A gente também abre o espaço para festas com o objetivo de arrecadar verbas, por exemplo, de artistas independentes. Às quartas realizamos o karaokê, com entrada de graça, e sexta e sábado ficam para os eventos”, explica.
As amigas Duda Soace e Ana Carolina Poças sempre vão ao Rotunda, mas essa foi a primeira vez a curtir a Ghetto Sound. Elas garantem que as festas do estilo despencaram após o fechamento de espaços que representavam a cena, como Resista, Drama e Holandês Voador.
“Eventos alternativos assim voltaram a ter, mas ainda são poucos”, diz Ana. “Mas já está bem melhor que alguns meses atrás”, completa Duda.
DJ Nuala abriu a pista de dança. Em seguida entraram Haroldo Hastrall, Loco Leste, Dj Chico, Lado Negro do Mapa e DJ Moura.
Rebeca de Oliveira Queiros, de 23 anos, explica que o Lado Negro do Mapa reúne artistas que cantam rap. O grupo está com uma proposta mais comercial, principalmente, com o trapp que está em alta. Além de Rebeca, se apresentam GF Gahiji , Barba Ruiva, Drope e Kayin.
“Eu comecei compor, principalmente, MPB, mas também escrevo para o Lado Negro do Mapa, com as batidas do rap. Provavelmente em março deve sair uma coisa minha”, garante.
O acadêmico de Ciências Contábeis Gustavo Santos de Araújo e a musicista Nária Santos, ambos de 21 anos, foram à Rotunda para prestigiar o trabalho grupo Lado Negro do Mapa.
“Vim do Taveirópolis para curtir os amigos. Conheci o pessoal na faculdade e como eu curto muito rap e MPB, acho muito importante eventos como esse”, garante.
“Vim para fortalecer a cena, já conhecia o grupo de outros eventos mesmo. Aqui a gente se identifica mais. A gente fica mais à vontade”, completa a jovem.
A promoter Larissa Pelissari, de 22 anos, já é frequentadora de rolês alternativos há um tempo e hoje fez um convite a outra amiga. “Eu já vim várias vezes ao Rotunda, mas esse em específico, fui convida. Normalmente, ouço muito rap e funk”, conta Lara Freitas, de 22.
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