Negra sofre para achar base ideal e missão de Marcela é ninguém sair acinzentada
Algumas marcas lançam poucas subtonalidades e quando há variedade, os preços não são acessíveis
Com apenas 18 anos, a maquiadora Marcela Vitória Farina Deniz e Silva, já se frustrou diversas vezes ao procurar um tom de base ideal ao seu tom de pele. A jovem não está sozinha, pois a maior parte das mulheres negras sofrem com a escassez de subtonalidades. Depois de muitos testes em vão, Marcela decidiu investir em um curso e nas aulas de colorimetria aprendeu misturar tons para cliente nenhuma sair de rosto acinzentado.
Toda estilosa e adepta de uma mecha loira, bem Cruella de Vil, Marcela é acadêmica de Ciências Sociais, na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Antes do curso profissionalizante de make já testava sua arte em amigas e familiares como hobby.
“No início do ano fiz o curso e comecei a trabalhar com isso. Hoje maquio qualquer tipo de pele, mas meu objetivo desde o princípio é aperfeiçoar meu trabalho em mulheres negras”, explica.
A jovem ressalta que a dificuldade de conseguir material para pele negra está ligada, principalmente, ao tipos de subtonalidades da melanina. O primeiro passo é encontrar uma linha de maquiagem com variedade de cores para a pele negra. E existe, mas é nessa hora que o problema aumenta.
Marca como a Fenty Beauty, da cantora Rihana, oferece 50 tons. Porém, uma base custa mais de R$ 150,00. É um investimento relativamente alto para quem está no início da carreira ou para a aquela mulher que raramente usa maquiagem.
Para quem não sabe os três tons de pele são: claro, médio e escuro. A partir do tom escuro, as peles negras podem ter fundo avermelhado, rosado, azulado ou amarelado, este último o mais comum.
“No curso a partir da colorimetria fico mais fácil misturar tons para não errar na preparação da pele. Como atendo em domicílio, se não tenho a cor da cliente vou testando até encontrar”, conta. ”
Maquiar uma mulher negra e ter como resultado uma pele acinzentada é certeza do uso de uma tonalidade errada. “Aqui na região Centro-Oeste mesmo há muita diferença nos subtons se comparados com negras do nordeste, onde até o sol é mais forte”, frisa.
Nessa imensidão que é a colorimetria de pele até quem não se identifica como negro, mas possui a pele dentro de alguma subtonalidades poderá encontrar dificuldade.
Marcela mora no Estrela Dalva, periferia de Campo Grande e, por enquanto, atende a domicílio. No Instagram, a jovem exibe seus trabalhos em diferentes modelos, inclusive, sua participação, em outubro, da 1ª edição do Moda Campo Grande, no Albano Franco.
“Neste evento, por exemplo, eu precisei colocar em prática a técnica das misturas. Eram quatro maquiadores e só eu de negra. Para acertar a pele do modelo Jariz Beor, no segundo dia de desfile, precisei misturar tons, porque no primeiro dia, ele entrou na passarela com a tonalidade errada, mas tinha sido maquiado por outra pessoa”, conta.
É também no perfil do Instagram, que ao lado de um amigo de infância produz maquiagens artísticas e desafios da internet.
Hora da compra - Para não errar de jeito nenhum, a dica é provar o tom na própria pele. Para isso, o melhor seria buscar uma consultora de alguma marca ou tentar casas de cosméticos. Marcela garante que áreas como bochecha, queixo e pescoço mostram exatamente se a cor se encaixa ou não. Se não ficar bom, a opção é investir em dois tons, um mais próximo e outro mais escuro.
Tendências 2020 – Segundo Marcela, a mulheres negras seguirão 2020 com muita iluminação. Os tons matte começam a se despedir e o gloss, brilho, cores quentes e neons vão ganhando espaço. Para ficar por dentro, Marcela aconselha que um iluminador e um blush não podem faltar na bolsa.
Acompanhe os trabalhos de Mayara no @ChicamMakeup.