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Artes

Aldeia Marçal de Souza começa a ganhar cores com intervenção

Thailla Torres | 08/04/2023 09:29
A restauração imprime, por meio do graffiti, elementos que representam a raiz terena, e destaca a primeira cacique mulher de Mato Grosso do Sul, Enir Bezerra. (Foto: Ana Carolina Fonseca)
A restauração imprime, por meio do graffiti, elementos que representam a raiz terena, e destaca a primeira cacique mulher de Mato Grosso do Sul, Enir Bezerra. (Foto: Ana Carolina Fonseca)

Depois de ofcinas aos moradores da Aldeia Marçal de Souza, o Projeto Kéxunakoa, que significa “fortalecer a tradição”, dá um novo passo e começa um processo cheio de cores com a restauração de murais que traz ancestralidade e força dos povos indígenas.

A restauração imprime, por meio do graffiti, elementos que representam a raiz terena, e destaca a primeira cacique mulher de Mato Grosso do Sul, Enir Bezerra, símbolo da luta e força feminina entre todos da etnia. O muro imponente faz parte da sede do Memorial da Cultura Indígena, localizado no coração da comunidade, e um dos pontos mais emblemáticos da cultura do Estado.

A revitalização, assinada pelos artistas Alice Helmann e Caio Mendes, compõe a programação do Projeto Kéxunakoa. O resultado será apresentado no dia 14 de abril e marca o mês dedicado a celebrar a herança e cultura dos povos originários do Brasil.

(Foto: Ana Carolina Fonseca)
(Foto: Ana Carolina Fonseca)

Sobre os muralistas

Caio Mendes, 36 anos, é formado em produção multimídia e multiartista há 16 anos. Mais conhecido como Green, assinatura que está no rodapé de diversas obras espalhadas pela Capital e até do interior do Estado. Com a temática regional, ele vem refinando seu trabalho, e por meio da técnica do realismo faz do graffiti sua maior forma de expressão quando o questionamento é: como manter as raízes sul-mato-grossenses. “A questão indígena sempre fez parte da minha vida, tanto no sentido artístico quanto no social e humano”, diz.

Sobre a incorporação dos aspectos das culturas ancestrais em suas obras, Green conta que seu maior interesse sempre foi desvendar o modo de vida e a organização desses povos. “Isso me fascina e sempre esteve muito presente em tudo que procuro desenvolver”.

Quanto a idealização do projeto, ele explica que a proposta é de um intercâmbio de culturas ao levar técnicas artísticas modernas ao encontro da linguagem indígena. “Queremos que essa troca seja um novo incentivo e inspire as novas gerações da aldeia. É dar continuidade ao conhecimento tradicional que precisa ser levado de geração em geração, ainda mais quando falamos de uma comunidade terena que está inserida no coração da Capital”, garante.

Já Alice Hellmann, 32 anos, que é formada em artes visuais, a arte, seja por meio da pintura e até da música, é o que move sua vida desde os sete anos de idade. “É lindo revitalizar e mais especial ainda por ser num local que abriga culturas originárias na cidade”, explana.

Quanto ao tema e sua  importância, ela é enfática: “apesar de toda toda dor e sofrimento desse povo, os terenas são políticos e organizados, vamos contribuir e ajudá-los a eternizar todo esse legado”. Sobre as trocas de conhecimento e todas as vivências, ela explica que as ações destacam algo muito  maior. “É sobre promover ensino técnico teórico e prático da pintura para que a comunidade possa espalhar cores e formas da sua cultura para o mundo, por meio de expressões de arte urbana como estêncil, letras, personagens, pintura sobre tecido e, assim, continuem dançando suas raízes”, conclui.

Programação 

  • Restauração do mural do memorial 
  • 29, 30 e 31 de março e dia 1 a 9 de abril - período de pintura
  • 10 de abril – finalização
  • Pintura do mural coletivo 
  • 10, 11, 12 e 13 de abril - período de preparo, pintura e entrega
  • Evento de encerramentos das ações - 14 de abril – 14h às 20h
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