Após 53 anos, tristeza do Grupo Acaba é precisar denunciar incêndios
Moacir Lacerda defende que a população precisa usar sua voz para dar destaque ao tema
Formado oficialmente em 1971, o Grupo Acaba levanta a defesa do Pantanal como uma de suas principais bandeiras desde o início. Agora, 53 anos depois, precisar continuar usando as músicas como forma de denúncia contra incêndios é uma das tristezas.
Um dos fundadores do grupo, Moacir Lacerda conta que após tantas notícias sobre o aumento nos focos de incêndio no Pantanal, mais uma música foi criada. “A história do Grupo Acaba levanta a bandeira pela defesa do Pantanal e, desde sempre, temos a preocupação ecológica”.
Segundo o músico, essa não é a primeira vez que o fogo entra em pauta na lista, mas a preocupação segue crescendo.
Na canção “Tempo de Queimada”, os arranjos fogem ao uso mais tradicional e comum do violão no grupo.
“Não acredito que seja um evento da natureza, mas algo criminoso e estamos vendo uma seca prolongada. Se pensar, são 50 anos de queimada constante e que não se revigora mais”.
Para o grupo, além das denúncias que devem ser feitas de todas as formas possíveis, é necessário que a população cobre o Poder Público, assim como grupos econômicos.
“O desmatamento e as queimadas estão destruindo o meio ambiente, por isso precisamos levantar a voz, não podemos nos calar. O meio ambiente vai caminhando para um não retorno”, diz Moacir.
E, para contextualizar sobre o cenário, o Corpo de Bombeiros tem focado em áreas do Pantanal, sendo o Paraguai Mirim, Forte Coimbra e região próxima de Corumbá. Conforme divulgado, durante 65 dias de trabalho dedicados ao combate de incêndios e prevenção, cerca de 80 militares estão empenhados.
Um relatório do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul revelou que os municípios de Corumbá, Aquidauana e Rio Verde concentram 92,6% dos focos de calor no Pantanal do Mato Grosso do Sul.
Confira abaixo a letra completa da canção:
Tempo de Queimada
Grupo ACABA – Canta Dores do Pantanal
(Criminosos nos Campos do Senhor)
(Moacir Lacerda, Luiz Porfirio, Carmen Geleilate e Yara Penteado)
Com a viração do tempo
Chega o tempo de queimada
Todo ano é sempre assim,
Desde o império até então
O crime que se repete
O tempo da chuva negra
Do bicho homem papão
Salvação é pé no chão.
Cateto não é mais forte
Vai pra lama jacaré
Anta perdeu toca e cria
Arara deixou seu ninho
Na mata urra o bugio
Fogo é destruição
Só cinzas no coração
O amanhã não tem mais não.
Refrão
“Saracura tá cantando
Lá na beira da baía
Quatro horas da madrugada
Lá vem a barra do dia”
Mãe, não volto hoje não
Não tenho pra onde ir
Pros bichos vem agonia
Fome e sede todo dia
Meu casamento morena
Fica quando Deus quiser
Não há tempo pra amar
Não tem ninho pra pousar.
Lá se foram as curicacas
Canastra foi pro buraco
Pintada adoece e morre
Não há pra onde fugir
Rios, lagos e lagoas
Vão secando dia a dia
Os peixes ficam sem ar
Queimaram até canoas.
“Saracura tá cantando
Lá na beira da baía
Quatro horas da madrugada
Lá vem a barra do dia”
Canta alto o aracuã
Chora triste o urutau
Grita forte a ariranha
Fuja veado campeiro
Saci foi num pé-de-vento
Máe-d’água foi desaguar
Pé-de-garrafa morreu
Com minhocão foi morar.
Teotonio mudou pra longe
Zé Bezerra desistiu
Vou morar no Acurizal
Seu Agripino assuntou
Que o fogo não chega lá
Em Deus tenho confiança
Lá está minha esperança
Desde o tempo de criança.
“Saracura tá cantando
Lá na beira da baía
Quatro horas da madrugada
Lá vem a barra do dia”
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