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Meio Ambiente

Para Pantanal não repetir 2020, inteligência artificial é aposta contra fogo

Ao falar da preocupação com 900% de aumento nos focos este ano, WWF citou que a tecnologia pode ajudar a frear

Por Cassia Modena | 06/06/2024 12:05


O período de seca inicia em maio e tem auge em setembro no Pantanal. Ainda que bem no começo, ele já produziu imagens como o horizonte esfumaçado e pintado de vermelho pelo fogo que atinge áreas próximas da estação de captação de água e do Paraguai-Mirim, em Corumbá.

O cenário não é bom. De 1º de janeiro até 6 de junho, o bioma registra 900% de aumento nos focos de incêndio em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados de programa de monitoramento por satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Estendendo a comparação de 2024 até o ano em que as queimadas atingiram marcas históricas, 2020, o período atual "perde" na comparação entre os focos, mas supera todo o intervalo (2023 a 2021).

Arte: Bárbara Campiteli
Arte: Bárbara Campiteli

Em seus primeiros meses, 2024 registrou a metade dos focos que 2020 registrou. Mas são cerca de 50% de diferença que já preocupam e fizeram entidades como o WWF Brasil a emitir alerta, considerando que os meses mais severos da seca ainda não chegaram.

IA - A analista de conservação da organização no Brasil, Cyntia Santos, avalia que muito se evoluiu para afastar do bioma as ameaças do fogo nos últimos quatro anos e não repetir o "ano catastrófico". Ela cita os satélites de monitoramento, as regras de manejo do fogo reforçadas pela Lei do Pantanal (6160/2023), as novas viaturas e equipamentos, o aumento de brigadistas militares e voluntários e as diversas ações de conscientização nas comunidades.

O que pode melhorar e evitar a repetição, segundo Cyntia, é agilizar a detecção de focos de incêndio logo no início. Ela afirma que a organização vai contribuir com isso com a IA (inteligência artificial) que está desenvolvendo.

"Atualmente, nós estamos elaborando uma ferramenta de inteligência artificial para fazer uma previsão de fogo mais rápida. Isso pode auxiliar ainda mais o poder público na identificação de situações que são ditas como criminosas ou então permitir que elas sejam monitoradas mais de perto", falou a analista.

A ferramenta é desenvolvida em parceria com a empresa de tecnologia Kunumi. Ela vai operar com base em um modelo que usa a aprendizagem de máquina para prever eventos de fogo no Pantanal.

Como está agora - De acordo com boletim divulgado hoje (6) pelo Corpo de Bombeiros, mais de 7 mil hectares foram queimados na última semana em Corumbá. Hoje, a corporação informou que os incêndios seguem ativos e que novos focos surgiram na região Forte Coimbra, próximo à Fazenda Baía do Jacaré, na fronteira entre Brasil e Bolívia.

Estão envolvidos nas operações 80 bombeiros militares, além de cinco policiais. Brigadistas do PrevFogo do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) e voluntários do Instituto Homem Pantaneiro participam das ações.

Aeronave e drones dão suporte aos trabalhos. Segundo o Corpo de Bombeiros, proprietários das áreas particulares também realizam aceiros para ajudar no controle do fogo.

Cultural - Cyntia da WWF Brasil lembra ainda que o uso do fogo é prática cultural no Pantanal, mas que muitos dos focos saem do controle por culpa da ação humana, desconhecimento da técnica e desrespeito às leis que regram esse recurso.

"Os desmatamentos geralmente vêm associados com o uso do fogo para a limpeza, mas muitas vezes são feitos sem planejamento. Eles são grandes incitadores de fogo com grandes extensões. Para evitar isso, as técnicas de manejo integrado do fogo devem ser cumpridas e a Lei do Pantanal traz esse reforço sobre o uso do fogo da forma correta, da forma mais protetiva para um sistema tão sensível e tão extenso como é o do Pantanal", finaliza.

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