Casal investe sozinho e Aquidauana agora tem cinema 3D e pipoca com manteiga
Os mais jovens podem não conhecer, ou recordar pouco. Mas Aquidauana já teve um cinema que foi o ‘ponto de encontro’ mais frequentado da região. O extinto Cine Glória, ativo em meados de 1970, era o lugar onde a platéia abria os olhos para o mundo maravilhoso e fantástico, mesmo numa pequena comunidade tão distante dos grandes centros.
O cinema fechou, foi reaberto pela prefeitura na década de 90, mas durou apenas cerca de 4 anos. Segundo frequentadores, a sala não tinha muita estrutura e, sem ar condicionado, o ambiente era ‘climatizado’ por ventiladores.
Aquidauana foi crescendo, recebendo grandes franquias como Subway, Seller ... mas sem entretenimento. Algo sem lógica até comercial, já que a cidade tem campus da UFMS, UEMS e também pólos de Universidades privadas como Anhanguera e Unopar. Por isso, virou casa para jovens de toda parte do Brasil.
Mas há nada que um sonho antigo não resolva. Depois de muito tempo esperando a volta de uma sala de cinema, os empresários Mauro e Vera Batista, donos de um supermercado da cidade, resolveram que iriam contribuir com a arte e abriram no fim do ano passado o “Cine Atlântico”.
“Eu sou nascido e criado em Aquidauana, vi a cidade crescer, está recebendo muitos jovens de fora, vejo famílias daqui indo para Campo Grande em busca de diversão, por que não apostar aqui”, diz Mauro.
Com planejamento, economia e 4 anos de obras, eles conseguiram inaugurar uma sala de cinema com tudo que Aquidauana tem direito: tecnologia 3D, acessibilidade e até a pipoca com manteiga. E além da sala de 210 lugares, no mesmo endereço há boliche e praça de alimentação, um complexo chamado ‘Super Center’.
O cinema faz parte da história do casal de empresários. “Nosso primeiro encontro foi no cinema”, conta Vera aos risos. Agora, ela pretende usar o espaço com maior tranquilidade, porque na juventude, as coisas não eram fáceis. “Tínhamos que priorizar as contas, o sustento, a diversão ficava em segundo plano, mas dava pra aproveitar”, lembra.
De avô para neto - A sala foi inaugurada no dia 17 de dezembro, em grande estilo, com Star Wars. O gerente contratado, Jaques Santana, 36 anos, técnico em áudio de profissão, teve a oportunidade de ir para São Paulo receber treinamento especifico.
Ele tem uma ligação com o antigo Cine Glória que nem os patrões sabiam. “Meu avô, Jacinto Santana, foi projetista quando o cine voltou pela segunda vez, eu tinha uns 12 anos na época e ajudava ele”.
O avô faleceu em 2007. Não teve tempo de ver o que já imaginava quando o neto era criança. “Meu avô sempre dizia que se eu limpasse direitinho a sala, um dia iria virar gerente de cinema”, conta emocionado, agora no novo cinema da cidade, localizado no bairro Santa Terezinha.