Castelo deixa legado para a música regional e importante lição aos filhos
Corpo do músico é velado na tarde desta segunda-feira (10), na Câmara dos Vereadores, em Campo Grande
Familiares e amigos se despedem de Antônio Rodrigues de Queiroz, conhecido no cenário musical sul-mato-grossense como "Castelo", na tarde desta segunda-feira (10). Cercado de pessoas queridas, o músico está sendo velado na Câmara dos Vereadores, em Campo Grande. O sepultamento está previsto para acontecer nesta terça-feira (11), às 8h30, no Cemitério Jardim das Palmeiras.
Castelo faleceu na noite deste domingo (9), aos 72 anos, e deixa a esposa, 5 filhos, 13 netos e 7 bisnetos. O músico foi casado com Laura Queiroz, 73 anos, durante 53 anos, com quem teve os filhos. Emocionada, a mulher relembra os últimos momentos ao lado do marido e lamenta a partida repentina.
De acordo com Laura, ele não aparentava sinais de doença ou complicações. "Nos últimos dias dele, ele só agradecia, sabe? Ele me agradecia por ter ajudado a criar os filhos dele. Ele só tinha gratidão. Parece que ele já tava sabendo que iria embora", afirma.
A companheira enfatiza o amor do marido pela música, que era tão grande quanto o que tinha pela família. "Ele foi sempre um excelente pai, excelente marido, tanto é que ficamos casados há 53 anos. Ele amava cantar, a vida dele era cantar, compor", diz.
O eletrotécnico Agélio Akira de Queiroz, 52 anos, filho do músico, ressalta que o pai partiu deixando muitas lições, tanto como pai, avô e esposo quanto como músico. "Ele amava a vida, amava o que ele fazia. Ele amava muito o que ele fazia, então acho que se todo mundo ter a paixão que ele tem, vai longe", relata.
O músico aposentado Carlos Pinho de Almeida, 70 anos, foi parceiro e amigo de Castelo durante muitos anos. Há dois meses, trabalharam em um último projeto, que rendeu à dupla um convite para irem se apresentar no Sul do país. Infelizmente, Castelo partiu antes de subir aos palcos. "[A morte] pegou a gente de surpresa. A gente não estava nunca esperando por isso. É um irmão que eu perdi, vai deixar uma saudade muito grande no meu peito. Além de um amigo que Deus me presenteou nessa vida, sou um eterno fã", destaca.
Almeida conta que sentia uma grande emoção ao cantar ao lado do amigo, e que a sensação de dividir o palco com Castelo estará sempre presente. "A maior emoção que eu tinha era quando estava cantando e ouvia uma voz, e de repente eu olhava e era ele fazendo a segunda pra mim. Isso aí vai ficar marcado muito. Eu vou ter essa coisa comigo, de toda vez que eu for cantar, vou ter a impressão que ele vai aparecer com aquela voz maravilhosa cantando comigo", declara.
O aposentado destaca que Castelo, além de excelente músico, era também poeta e um apaixonado pela vida que deixa seu legado para a música regional. "Pode haver parecido, mas nunca haverá igual", finaliza.
Carreira - Castelo nasceu em 12 de maio de 1951, em Três Lagoas, e foi influenciado pela música desde cedo, pelo irmão e o pai. Em 1964, deu os primeiros passos em sua carreira musical, ao formar dupla com Durvalino de Souza. Logo em seguida, atendendo ao convite de seu irmão Alex, uniram-se a Cidinho Castelo e formaram o Trio Serenata, o qual resultou na primeira gravação em disco de vinil.
Ao longo dos anos, Castelo fundou diferentes grupos musicais e projetos. Na década de 80, ele fundou o grupo "Os Filhos do Pantanal", que conquistou reconhecimento e admiradores por todo o país. Além disso, Castelo formou a dupla Castelo e Mansão, que alcançou destaque com a composição "Garça Branca".
Em mais de cinco décadas de carreira, Castelo acumulou mais de 50 álbuns gravados em seu arquivo musical. Castelo também teve participações marcantes em programas de televisão, como o renomado "Viola, Minha Viola", da TV Cultura de São Paulo, apresentado por Moraes Sarmento e Inezita Barroso.
O artista foi uma figura importante para Mato Grosso do Sul e chegou a se apresentar em diversos países, incluindo o Japão, onde residiu por um período, além da Argentina, Paraguai, Bolívia e diversas regiões do Brasil.
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