Com mensagens contra violência, MV Bill leva três mil fãs para Praça do Rádio
Rapper veio à cidade para o Festival Viramente, criado para valorizar a cultura de rua
Pela primeira vez em Campo Grande, MV Bill levou três mil fãs do rap para a Praça do Rádio. O show ocorreu ontem (2) e começou cantando o jovem preto na laje, de plantão no sereno, cheio de ódio e invisível no escuro. Ativista social, ao lado da cantora Kmila CDD ele falou dos pobres e das favelas, durante a apresentação do Festival Viramente, criado na cidade para valorizar a arte de rua.
“Vamos ficar tranquilos. Não queremos ver o rap nas páginas policiais dos jornais, queremos ver na parte de cultura”, avisou MV Bill já de saída.
O cantor Renatto Jackson subiu ao palco antes de MV Bill e Kmila CDD. Foi a primeira vez que abriu um show nacional, uma oportunidade de mostrar o que pensa. “Me apresentei tocando as minhas músicas autorais, samba rock”, contou. Foram três mil pessoas prestigiar o evento, segundo a polícia militar. A banda Falange da Rima também se apresentou antes das atrações principais.
Além de Renatto, quem também entrou na lista de atrações foi o grupo Falange da Rima. A proposta do festival é valorizar os artistas locais e estilos de músicas diferentes.
O chapeiro, Gabriel Santiago assistiu à apresentação para dar força ao movimento. “Gosto de rap e reggae, vim para fortalecer a cena”, reforça.
MV Bill subiu ao palco depois das 20h e cantou por quase duas horas. O rapper apresentou canções conhecidas pelos fãs como “Estilo vagabundo” parte um e dois, “Traficando informações”, “Favela vive” e “Soldado do morro”.
Ao ver a praça cheia, ele agradeceu e até desceu do palco para tocar nas mãos dos fãs que estavam na frente. No entanto, o cantor não quis atender a imprensa. CDD também não ficou pra trás e mostrou que a voz feminina representa com força o rap.
Ao contrário do que muita gente gosta de dizer por ai, o estudante Vitor Hugo Sousa lembra que MV Bill passa mensagens positivas para a gurizada. “Ajuda a pessoa a se desviar do caminho errado. O MV Bill tem influência sobre a juventude, é bom para a galera pensar. O show dele mostra a visão de que todos podem se unir na paz, no amo”, completa.
O consultor de vendas, Lettiere Lima gostou mesmo foi da mescla de diferentes tribos na praça. “Vi muita gente aqui, é a união de pessoas de outras tribos e essa é a jogada”, disse.
A vendedora Vitória Ojeda conta que acompanha o trabalho de MV Bill há algum tempo e que saiu do trabalho e foi correndo para a Praça do Rádio. “Vim direto, é a primeira vez que ele veio e fez um show maneiro. Nunca tinha visto ele de perto, foi sensacional. As músicas dele falam de histórias, que quando ouvimos, parece ser sobre a gente. Me identifico”, afirma.
Para o estudante João Henrique Pratto, o festival conseguiu levar o público ao que se propõe "virar a mente". “Representa a minoria e as favelas. Representa quem precisa ser representado. Aqui [Campo Grande] é outra vertente musical, mas esse estilo passa mensagens que os pobres se identificam e aqui tem muito pobre”.