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NOVEMBRO, SEGUNDA  18    CAMPO GRANDE 25º

Artes

Com obras que falam de racismo a guerra de classes, mostra de cinema inicia hoje

Produções independentes desviam dos cinemas caros e chegam às periferias como instrumento de reflexão e transformação.

Thailla Torres | 16/01/2020 08:40
“Dos Filhos Deste Solo És Mãe”, um dos documentários exibidos na mostra. (Foto: Divulgação)
“Dos Filhos Deste Solo És Mãe”, um dos documentários exibidos na mostra. (Foto: Divulgação)

Nesta quinta e sexta, Campo Grande recebe uma mostra de filmes marginalizados que muitas vezes nem é considerado cinema diante da produção independente. São longas utilizados como instrumento de reflexão, estímulo, difusão e auto formação crítica fora do eixo comercial. O mais bacana é que a mostra desvia dos cinemas caros e chega às periferias com exibição gratuita.

A 3ª Mostra do Filme Marginal que nasceu no Rio de Janeiro passa pela primeira vez por aqui e as exibições serão em locais diferentes. No primeiro dia, ela ocorre na Central de Economia Solidária, onde serão exibidos os filmes “Lama: O Crime Vale no Brasil. A Tragédia de Brumadinho”, “Um Breve Relato”, documentário que reflete sobre a guerra de classes, e “El Pueblo que Falta”, que mostra a violência na América Latina ao longo dos anos.

Amanhã, a mostra chega à Comunidade Quilombola Tia Eva, onde serão exibidos os filmes “João”, “A Fé”, “Dos Filhos Deste Solo És Mãe”, “Coroação”, “A Pedra” e “Por Gerações”, todos relacionados sobre a história, a cultura e a ancestralidade do povo negro. O último, inclusive, mostra o legado religioso e cultural deixado por Iyá Nitinha. No aspecto cultural, Iyá Nitinha foi a idealizadora da Orquestra de Atabaques Alabe FunFun, patrimônio cultural que mostra a força do atabaque na cultura brasileira. Outro destaque é a exibição do documentário “Nosso Sagrado”, que investiga a perseguição e o racismo religioso contra o candomblé e a umbanda. 

“Nosso Sagrado”, que investiga a perseguição e o racismo religioso contra o candomblé e a umbanda.
“Nosso Sagrado”, que investiga a perseguição e o racismo religioso contra o candomblé e a umbanda.

A mostra tem por objetivo divulgar e valorizar a produção de filmes independentes no País e alcançar o maior número de pessoas. “Nossa proposta é uma mostra que seja realmente itinerante, que possa ser levada para escolas e ocupar diferentes espaços. A gente está se movimentando por várias cidades, nossa ideia é ir para maior parte possível Brasil”, explica Uilton de Oliveira, coordenador do evento nacional.

Os filmes exibidos em Campo Grande são obras que foram inscritas na mostra do ano passado, que recebeu mais de 600 produções e teve mais de 100 selecionados. A mostra não tem patrocínio, inclusive, no Rio de Janeiro ela foi realizada com uma vaquinha de R$ 1 mil e o restante da condução foi feita com recursos próprios.

“Mesmo assim a gente se esforça para fazer o evento da melhor forma possível. Em Campo Grande, houve uma mobilização das pessoas que nos convidaram e estamos sendo muito bem acolhidos pelas pessoas do Mato Grosso do Sul. E a gente entende que é importante esse apoio mútuo. Se houver mais parcerias, vamos conseguir levar a mostra para muitos outros espaços”, acrescenta o coordenador.

Além disso, Uilton enxerga essa proximidade com o cinema independente uma oportunidade de transformação. “Levar esses filmes para essas pessoas é uma oportunidade de conseguir dialogar com elas. Não queremos formar ninguém, pelo contrário, os filmes garantem a auto formação e assim a gente avança na transformação”.

A mostra ocorre hoje (16) na Central de Economia Solidária que fica na Rua Marechal Rondon, 1500, Centro. Amanhã (17), ela segue para a Comunidade Quilombola Tia Eva, na Rua Eva Maria de Jesus, s/n, Jardim Seminário. As exibições são gratuitas.

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