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Artes

De cacau à melancia, Thalita fala sobre o Brasil através das tatuagens

Thalita começou tatuar há 4 anos, mas, há um ano e meio, o desejo de valorizar o País fez a tatuadora percorrer outros caminhos

Thailla Torres | 13/02/2020 08:12
Elso ganha melancia de presente dos amigos até hoje. (Foto: Arquivo Pessoal)
Elso ganha melancia de presente dos amigos até hoje. (Foto: Arquivo Pessoal)

Desde criança, o publicitário e fotógrafo Elso Oliveira Filho, 25 anos, é apaixonado por melancia. Na adolescência os amigos perguntaram o que ele gostaria de ganhar de aniversário, e ele sugeriu que fosse uma melancia. “Desde então meus amigos me dão de presente alguma coisa relacionada com a fruta ou a própria enrolada em papel de presente”, conta.

O vermelho da fruta que desperta emoções ganhou homenagem no antebraço de Elso em forma de tatuagem. O trabalho foi feito pela tatuadora campo-grandense Thalita Neres Valiente, 25, mais conhecida como Caliandra, que em seu Instagram mostra como as frutas e a biodiversidade brasileira são marcas registradas do seu trabalho. 

Esse é o cacau de Loridany. (Foto: Arquivo Pessoal)
Esse é o cacau de Loridany. (Foto: Arquivo Pessoal)
Espada de São Jorge. (Foto: Arquivo Pessoal)
Espada de São Jorge. (Foto: Arquivo Pessoal)

Elso admira a tatuadora desde os trabalhos dela como artista plástica. “Realmente acho muito único, porque ela vem com uma proposta diferente dos outros tatuadores. Ela vem com isso de exaltar as frutas e a vegetação regional, o que eu considero original. Por isso, ninguém melhor do que ela para tatuar essa grande paixão que eu tenho pela melancia”.

Thalita começou tatuar há quatro anos, mas, há um ano e meio, o desejo de valorizar o País fez a tatuadora percorrer outros caminhos com a tinta. O trabalho não é convencional. Tem gente que chega ao estúdio para tatuar melancia, papoula, alho, alecrim e até cacau. Além de aves e plantas que fazem parte do cerrado e outros biomas brasileiros.

“Eu sempre ouvia que o Brasil não tem nada de bom e que nada presta, ouvia isso de gente que mal conhece o lugar onde mora. Foi então que passei a pesquisar a biodiversidade e transferir esse conhecimento e as curiosidades através da tatuagem”.

O estilo que ela chama de neo-tradicional colorido não tem padrão. “O pessoal já me procura sabendo que eu faço um trabalho diferente, que nenhuma tatuagem vai ser igual a outra. São desenhos que fogem da rotina, mas têm muito significado”.

Alecrim. (Foto: Arquivo Pessoal)
Alecrim. (Foto: Arquivo Pessoal)
Alho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Alho. (Foto: Arquivo Pessoal)

O nome Caliandra, inclusive, é uma homenagem a uma flor do Cerrado. De cores vivas e alegres, traz um significado espiritual de companhia e perseverança. “Há um mito dela bonito, em que enquanto está todas as flores mortas, ela é única que está linda e viva, vermelha e brilhando, e isso significa força pra mim”, afirma a tatuadora.

Doula, Loridany Jarcem, 26 anos, tinha o desejo de tatuar algo que fosse relacionado ao Brasil. Depois de se apaixonar por um dos desenhos de Thalita, ela viu a pena ganhar cores e o formato de um cacau. “Eu sempre quis tatuar coisas que temos no Brasil, como frutas e plantas. Quando ela fez esse desenho eu fiquei encantada. Eu já tenho outras tatuagens com ela referente a minha linhagem quilombola e indígena que carrego comigo, então quando ela fez o Cacau eu não abri mão. Eu simplesmente confiei no trabalho dela e me entreguei”, finaliza.

Veja mais sobre o trabalho de Caliandra pelo Instagram @tatuagenscaliandra

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