Em feira que não paga para participar, mulherada aprende produzir e a vender
Uma feira de empreendedorismo, sustentabilidade e geração de renda para mulheres. Pode parecer mais uma de muitas, mas a Feira Ipê Amarelo te ensina a fazer o produto, não cobra para participar e ainda te auxilia nas vendas. O projeto é completo e, além do trabalho de resgate, põe a mulherada para andar com as próprias pernas.
A professora aposentada Marcia Meira Machado, de 54 anos, é diretora da Amas (Associação Ministério de Ação Social) e idealizadora da feira. “Muitas pessoas aqui sabem fazer o artesanato, mas não sabem vender. Plantamos a sementinha e a terra era fértil: floresceu. O que me deixa triste e que a população ainda não tem a cultura da feira. A feira é uma coisa cultural”, conta.
O Lado B chegou até a feira a convite da pedagoga Silvana Tanaka, que também faz parte da Amas. A feira acontece todo segundo sábado do mês, das 8h às 16h, na Praça Thomas José Coelho de Almeida, no Bairro Coophatrabalho, bem em frente ao Colégio Militar.
Uma das expositoras, é paciente do Caps. Ela faz peças com materiais sustentáveis. Mini coador de café feito a mão com xicara, pimentas e outros objetos. Ela garante que a feira salvou sua vida.
“Eu fazia minhas peças e destruía. Ficava entocada em casa. Até que uma agente de saúde me falou da Márcia e decidi participar. O projeto salvou minha vida. Eu só tinha o prazer de estocar o lixo e jogar fora, mas aí comecei a produzir e não parei mais. Todo o material que eu uso nas peças são sustentáveis. A feira tem sido minha salvação. Eu venho passar o dia, vejo pessoas e consigo interagir. Quero reunir uma turma do Caps para expor também”, conta.
Por R$ 27, os participantes também puderam comprar vinho artesanal de Madalena Bordon, de 46 anos, “O tinto ou suave ambos não possuem conservantes. Eles vêm do Rio Grande do Sul”, conta.
A exposição também levou brechó, churrasquinho, pastel, peças de decoração e muito mais. Fátima Silva da Mota, de 60 anos, acabou de se aposentar e decidiu entrar no projeto para ocupar a cabeça. As peças foram ensinadas por Márcia Tanaka, que participa da ação desde o início. “Temos o mesmo objetivo que é social fazer as mulheres independentes”, pontua a costureira.
A história - O objetivo da Amas sempre foi de atender crianças e adultos em estado de vulnerabilidade para levar esperança e, claro, alimentos e presentes às comunidades carentes.
No ano passado, a Márcia que também é arteterapeuta iniciou um projeto de artesanato no posto de saúde Albino Coimbra Filho, no Santa Carmélia, com mulheres diagnosticadas com depressão, síndrome do pânico e demais doenças psiquiátricas.
As participantes foram aprendendo as primeiras peças, mas não tinham lugar para vender. Nesse sentido, surgiu a primeira feira, em espaço público, antes sujo e agora palco de eventos mensais.
“A primeira feira deu certo e outras mulheres foram incentivadas. Aqui é um empreendedorismo social e não empresarial como o de outras feiras, que para participar precisa pagar. Nosso objetivo é mostrar o que cada uma produz”, pontua.
O espaço é aberto para qualquer pessoa, não apenas moradoras da região. Interessadas devem entrar em contato com coordenadora Evanilda Pimenta, de 43 anos, pelo 67 9 9100-3424. “Quem prefere eu já incluo no grupo do WhatsApp. Aqui pode trazer qualquer coisa para expor e vender”, explica.
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