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Artes

Em feira que não paga para participar, mulherada aprende produzir e a vender

Danielle Valentim | 14/07/2019 07:55
Fátima acabou de se aposentar e já se incluiu no projeto para ocupar a cabeça. (Foto: Danielle Valentim)
Fátima acabou de se aposentar e já se incluiu no projeto para ocupar a cabeça. (Foto: Danielle Valentim)

Uma feira de empreendedorismo, sustentabilidade e geração de renda para mulheres. Pode parecer mais uma de muitas, mas a Feira Ipê Amarelo te ensina a fazer o produto, não cobra para participar e ainda te auxilia nas vendas. O projeto é completo e, além do trabalho de resgate, põe a mulherada para andar com as próprias pernas.

A professora aposentada Marcia Meira Machado, de 54 anos, é diretora da Amas (Associação Ministério de Ação Social) e idealizadora da feira. “Muitas pessoas aqui sabem fazer o artesanato, mas não sabem vender. Plantamos a sementinha e a terra era fértil: floresceu. O que me deixa triste e que a população ainda não tem a cultura da feira. A feira é uma coisa cultural”, conta.

O Lado B chegou até a feira a convite da pedagoga Silvana Tanaka, que também faz parte da Amas. A feira acontece todo segundo sábado do mês, das 8h às 16h, na Praça Thomas José Coelho de Almeida, no Bairro Coophatrabalho, bem em frente ao Colégio Militar.

Professora aposentada Marcia Meira Machado, de 54 anos, é diretora da Amas (Associação Ministério de Ação Social) e idealizadora da feira. (Foto: Danielle Valentim)
Professora aposentada Marcia Meira Machado, de 54 anos, é diretora da Amas (Associação Ministério de Ação Social) e idealizadora da feira. (Foto: Danielle Valentim)
Silvana ajuda na divulgação da feira e nas vendas irmã. (Foto: Danielle Valentim)
Silvana ajuda na divulgação da feira e nas vendas irmã. (Foto: Danielle Valentim)

Uma das expositoras, é paciente do Caps. Ela faz peças com materiais sustentáveis. Mini coador de café feito a mão com xicara, pimentas e outros objetos. Ela garante que a feira salvou sua vida.

“Eu fazia minhas peças e destruía. Ficava entocada em casa. Até que uma agente de saúde me falou da Márcia e decidi participar. O projeto salvou minha vida. Eu só tinha o prazer de estocar o lixo e jogar fora, mas aí comecei a produzir e não parei mais. Todo o material que eu uso nas peças são sustentáveis. A feira tem sido minha salvação. Eu venho passar o dia, vejo pessoas e consigo interagir. Quero reunir uma turma do Caps para expor também”, conta.

Por R$ 27, os participantes também puderam comprar vinho artesanal de Madalena Bordon, de 46 anos, “O tinto ou suave ambos não possuem conservantes. Eles vêm do Rio Grande do Sul”, conta.

A exposição também levou brechó, churrasquinho, pastel, peças de decoração e muito mais. Fátima Silva da Mota, de 60 anos, acabou de se aposentar e decidiu entrar no projeto para ocupar a cabeça. As peças foram ensinadas por Márcia Tanaka, que participa da ação desde o início. “Temos o mesmo objetivo que é social fazer as mulheres independentes”, pontua a costureira.

"Eu venho passar o dia, vejo pessoas e consigo interagir. Quero reunir uma turma do Caps para expor também”, conta.
"Eu venho passar o dia, vejo pessoas e consigo interagir. Quero reunir uma turma do Caps para expor também”, conta.
Até a bucha vegetal é colhida para compor a peça. (Foto: Danielle Valentim)
Até a bucha vegetal é colhida para compor a peça. (Foto: Danielle Valentim)

A história - O objetivo da Amas sempre foi de atender crianças e adultos em estado de vulnerabilidade para levar esperança e, claro, alimentos e presentes às comunidades carentes.

No ano passado, a Márcia que também é arteterapeuta iniciou um projeto de artesanato no posto de saúde Albino Coimbra Filho, no Santa Carmélia, com mulheres diagnosticadas com depressão, síndrome do pânico e demais doenças psiquiátricas.

As participantes foram aprendendo as primeiras peças, mas não tinham lugar para vender. Nesse sentido, surgiu a primeira feira, em espaço público, antes sujo e agora palco de eventos mensais.

“A primeira feira deu certo e outras mulheres foram incentivadas. Aqui é um empreendedorismo social e não empresarial como o de outras feiras, que para participar precisa pagar. Nosso objetivo é mostrar o que cada uma produz”, pontua.

O espaço é aberto para qualquer pessoa, não apenas moradoras da região. Interessadas devem entrar em contato com coordenadora Evanilda Pimenta, de 43 anos, pelo 67 9 9100-3424. “Quem prefere eu já incluo no grupo do WhatsApp. Aqui pode trazer qualquer coisa para expor e vender”, explica.

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