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Artes

Falando sobre Bolshoi pela cidade, menina paga preço alto pelo sonho de dançar

Thailla Torres | 02/08/2017 06:15
Desde a infância, o sonho de Cecília era viver da dança. (Foto: Arquivo Pessoal)
Desde a infância, o sonho de Cecília era viver da dança. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando Cecília Basseto chegou às salas de aula da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, após enfrentar uma intensa e acirrada disputa, o sonho era um só: viver da dança. Mas nem de longe ela imaginava que o esforço para dedicar-se integralmente à arte seria tanto. Hoje, aos 14 anos, a menina sul-mato-grossense encara uma jornada de visitas em Campo Grande para falar dos planos e das lições aprendidas com a dança a outros jovens. Mas deixa claro no semblante cansado que, para chegar até lá, o preço é alto.

A menina já foi matéria no Lado B em 2012, quando o primeiro grande passo foi dado ao ser selecionada pelo Bolshoi. Hoje, o sonho de Cecília ainda é fazer parte do elenco de grandes companhias de dança pelo mundo. Mas a medida que o ritmo aumenta, sobra pouco tempo para atividades comuns no universo de uma adolescente.

Na tarde de ontem (31), a menina contou a experiência para jovens do Instituto Mirim. (Foto: Marcos Ermínio)
Na tarde de ontem (31), a menina contou a experiência para jovens do Instituto Mirim. (Foto: Marcos Ermínio)

Sua rotina começa às 06h40. Cecília vai para escola no período da manhã, não tem tempo para sentar à mesa na hora do almoço e corre para as atividades na escola de balé no período da tarde. "Ela come no carro. Depois entra no balé, faz todo preparatório e se dedica às aulas", explica Adalton Garcia, pai de Cecília, nitidamente a pessoa que mais parece interessada na divulgação da filha.

Apesar do ritmo corrido, o pai jura que a menina leva uma vida saudável. "Ela tem uma alimentação toda balanceada. A nutricionista passa um cardápio, a mãe prepara e ela come a caminho da escola. É uma dedicação exclusiva", reforça.

Além da escola, Cecília estuda dança clássica, teatro, piano, história da arte, repertório e dança contemporânea e já tem a dimensão da grade que será exigida no próximo ano. "Sei que temos também teoria da música e dança popular histórica", detalha.

Em entrevista, Cecília parece exausta, mas afirma que a dura disciplina do balé clássico nunca a fez pensar em desistir. "Acho que apenas preciso de férias", resume sobre suas vontades.

De postura impecável e como quem mede as palavras, a bailarina fala pouco da dança. Mas o pai não esconde a empolgação sobre o universo da dança.

Apesar das dores e esforço, Cecília não pensa em abrir mão da carreira. (Foto: Marcos Ermínio)
Apesar das dores e esforço, Cecília não pensa em abrir mão da carreira. (Foto: Marcos Ermínio)

"Temos muito orgulho dela, já fez parte de vários espetáculos, por exemplo, O Quebra Nozes e Dom Quixote. É uma menina dedicada e esforçada", diz o pai.

Durante esta semana, Cecília tem visitado crianças e adolescente de várias regiões da cidade para dar seu testemunho sobre como é lutar por um sonho. Na visão dela, todo mundo pode, mas é preciso esforço. "Eu falo que todo mundo pode tentar, independente da condição social", resume.

Mas a iniciativa de levar sua história adiante foi, exclusivamente, da família. "Essa é devolutiva que a gente sempre quis, é uma cobrança nossa que ela faça isso e que faça mais vezes. Para que outras crianças vejam o interesse dela e saibam que podem conseguir", diz Adalton.

Sonho - Cecília se interessou pelo balé aos 2 anos e passou a treinar aos 4. Começou em um projeto social no Sesc e depois ganhou uma bolsa para uma escola de dança na Capital. Aos 9 anos a família a levou para Santa Catarina, onde fez o teste e foi uma das 16 selecionadas para o Bolshoi entre 1.6 mil alunas.

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