Medo de expressar sentimentos ajudou advogada a expor sua arte
Advogada de um grande escritório em Campo Grande, Marília faz composições de imagens e textos
“Literal e/ou literária”, essa é a descrição que Marília Ramos, de 27 anos, colocou em sua bio do Instagram, o @raioliteral. Advogada de um grande escritório de advocacia em Campo Grande, Marília tem usado a rede social, mais conhecida por valorizar fotos, como meio de expressão literária.
Paradoxalmente “literal” e “literária”, Marília faz composições de imagens - que podem ser fotos dela, de outras pessoas ou pinturas – com pequenos textos literários, esses sim todos autorais. Tudo nasceu, digamos assim, a partir de uma desilusão amorosa vivida por ela. Foi então, que durante a terapia, percebeu que represava demais seus sentimentos e isso fazia mal.
“A terapeuta sugeriu que eu tivesse um diário ou que eu escrevesse cartas. Cartas pra pessoas, cartas mim mesma e guardasse”.
Marília sempre teve dificuldade, segundo ela, de organizar os próprios sentimentos. No processo de colocar suas diferentes angústias no papel e durante conversas com amigos, percebeu que várias outras pessoas passavam pelo que ela estava passando.
“Minha terapeuta não recomendou que eu compartilhasse, mas como eu não escrevo para alguém específico, eu escrevo pro meu medo, para meus sentimentos, achei que valia a pena”, explicou Marília.
Justamente para tentar dar a completude de sentimentos tão complexos, surgiu a ideia de fazer as composições dos textos com imagens. “Por isso comecei a colocar muita coisa no sentido figurado, metafórico. Quando escrevo me sinto misturando os movimentos de artes plásticas e literatura, se aproximando bastante de movimentos como surrealismo e expressionismo”.
A relação da advogada com as artes é, de acordo com ela, “informal”. “Eu vejo a arte como uma forma não só de expressão, mas de me conectar com as pessoas que esse identificam com aquilo que escrevo, uma forma de me transcender, me aproxima das minhas emoções”.
A subjetividade das artes traz consigo a riqueza dos sentimentos humanos. É, muitas vezes, a tentativa de tradução de pensamentos e sentimentos que não são traduzíveis, quase um milagre humano.
Pergunto para Marília, então, como é conciliar um mundo tão burocrático, como o do direito, com essa subjetividade da literatura. Para ela, não é difícil conciliar o que não está separado.
“Num primeiro olhar, parecem dois mundos, mas conforme fui escrevendo e trabalhando, percebi que, na verdade, existe uma ligação entre os dois. O exercício da escrita ajuda em ambos casos, a criatividade é necessária na hora de peticionar um processo, por exemplo, me faz enxergar além das leis”.
Postando seus textos com certa regularidade, o próximo passo da advogada agora é levar suas produções para além do Instagram. “Queria muito ajudar outras pessoas a escreverem, já tentei fazer algo com bilhetinhos de bolso, que ainda deu certo, e também tenho vontade publicar livretos, nada grande, assim como meus textos.
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