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Artes

Prisão de professor em batalha de poesia provoca reação entre artistas

Renderson Valentim também é ator de teatro e teria questionado uma ação policial durante o evento

Izabela Sanchez e Thaís Pimenta | 31/05/2018 17:45
Renderson, de verde e amarelo, foi detido ao questionar a polícia (Thais Pimenta)
Renderson, de verde e amarelo, foi detido ao questionar a polícia (Thais Pimenta)

O artista e professor de artes Renderson Valentim foi preso na noite de quarta-feira (30) por policiais do 1º Batalhão da Polícia Militar. A prisão provocou uma série de reações, principalmente nas redes sociais, em tom de reclamação contra repressão aos eventos em que são feitas batalhas de poesias, conhecidos como "Batalha de Rap". A Polícia Militar confirmou a detenção, "por desacato". Outros dois adolescentes também foram retirados do local pelos policiais.

No evento em que houve a prisão, os participantes ocupam o espaço público para “batalhar” poesias, geralmente com teor de manifesto. Renderson afirma que teria questionado uma ação da polícia militar. Integrante do grupo Teatro Imaginário Maracangalha, ele relatou que a batalha ocorreu na Praça que fica em frente ao antigo bar “Vai ou Racha”, após uma rotatória na Rua 14 de Julho.

Com a chuva, o grupo, estimado em cerca de 500 pessoas, teria se deslocado até o estacionamento de um supermercado. Policiais, afirma, chegaram ao local por volta das 20h30 e disseram que eles não poderiam estar ali. O grupo recusou deixar o evento, alegando que o espaço tem caráter público e, portanto, pode ser ocupado.

Por volta das 21h, conforme afirmou, os policiais teriam retornado ao local e a discussão teve início. O grupo pretendia voltar para a Praça para continuar o evento, mas os policiais teriam tentado impedir. Renderson disse que questionaram a polícia e foram surpreendidos por arma apontada. Ele afirmou que continuou a questionar os policiais, alegando que o espaço público tem o direito constitucional de ser ocupado.

O artista relata que teve a camiseta rasgada pelos policiais (Thais Pimenta)
O artista relata que teve a camiseta rasgada pelos policiais (Thais Pimenta)

Após a discussão, relatou, teria sido agredido com chutes e obrigado a colocar as mãos para o alto. Integrantes do Imaginário Maracangalha afirmam que um dos policiais já teria participado de outros episódios em que houve queias sobre as abordagens.

Eles citaram um decreto municipal, publicado em 2013, que impede eventos de serem realizados sem autorização municipal. A ocupação do espaço público, ainda assim, é uma reivindicação do grupo, que milita para que eventos como o Slam ocorram em Praças e demais locais de caráter público.

Renderson afirma que os policiais não estavam identificados. Ele também mostrou uma camiseta que teria sido rasgada durante a prisão. Além de Renderson, dois adolescentes foram apreendidos. Um deles por não portar documentos, e o outro por consumo de bebida alcoólica.

Antes das 22h ele foi detido e por votla das 3h desta quinta-feira, foi solto depois de assinar o Boletim de Ocorrência e vai responder em liberdade. "Vamos na Corregedoria e no Ministério Público buscar nossos direitos", completa.

“O que acontece é uma perseguição que já dura anos, com qualquer movimentação que ocupe a rua, mas está vindo mais forte com a batalha porque são pessoas periféricas, que são pessoas pobres e pretas que incomodam ao ocupar o centro”, comentou o diretor do Imaginário Maracangalha, Fernando Cruz.

O que diz a polícia – Por telefone, o capitão Edcezar, da Polícia Militar, informou que diligências são comuns no local, para combate de tráfico e uso de drogas e que essa teria sido a razão para a presença dos policiais no local.

Conforme afirmou, “ações no local tem sido intensificadas”. Ao capitão, os policiais afirmaram que a prisão ocorreu “por desacato”.

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