Sem saber destino de deusa polêmica, Cleir teme o esquecimento

“Essa obra representa muito para mim. Foi polêmica desde sua criação”, resume o artista e criador da estátua de Themis, a deusa grega da Justiça que vigia o Fórum de Campo Grande há 20 duas décadas, Cleir. Agora, com a notícia de que a estátua de 4 metros será substituída, o sul-mato-grossense só torce para que a “protetora” do Fórum não seja esquecida.

Quando foi instalada, em 2002, Themis ganhou muita repercussão, como o artista plástico destaca, sendo que os motivos começaram com sua dimensão e “formas voluptuosas”. No decorrer do tempo, novos comentários não faltaram e, agora, o grande questionamento de Cleir é saber o que acontecerá com a deusa.

“Não fui informado oficialmente, soube pela mídia e foi uma surpresa nada agradável, pois a obra já faz parte da história da nossa cidade. Até mesmo outro município poderia ser contemplado com a obra. Há tantos fóruns de outros municípios que com certeza iriam valorizar a obra e ela poderia seguir existindo”, defende o artista.

Respondendo ao questionamento, o TJMS informou que Themis não será deixada ao esquecimento e, provavelmente, ganhará outro prédio do Tribunal para vigiar. Mas, até agora, ainda não há definição sobre sua nova localização exata.

Dessa forma, o desejo principal do artista plástico se torna real, já que sua maior preocupação é com o esquecimento.

Retornando ao período de sua elaboração, Cleir conta que a deusa foi construída exatamente conforme o que foi solicitado, tendo sido preparada e pensada após estudo e muita avaliação. “Para você ter ideia, quando a criei, sugeri que em uma das revitalizações ela tivesse uma tonalidade em cerâmica para parecer que ela saísse da terra, entre tantas outras polêmicas que a própria imprensa divulgou tantas vezes”.

O artista defende que por se tratar de uma obra cercada por tantas discussões, é necessário levar em conta suas marcas deixadas e que, de toda forma, ela foi feita com muito cuidado, estudo e dedicação.

“Ela foi feita em uma ateliê que eu tinha na Avenida Tamandaré, toda construída dentro do espaço com muito estudo e análise. Após estar pronta, foi embalada e transportada até o Fórum, onde fez parte da celebração de inauguração do espaço. Toda essa ação de estudo contou com a participação do engenheiro Carlos Portugual”.

Ao todo, para que a deusa tomasse “vida”, foram necessários cerca de quatro meses e, desde então, duas manutenções foram realizadas por Cleir.

Em relação ao novo concurso que será realizado para substituir Themis, o artista afirma que não irá concorrer. “Sequer seria ético com meus princípios a retirada de uma obra que está inteira e bonita. Eu sequer fui informado sobre essa ação”.

Nova estátua por R$ 45 mil

Para quem está por fora da discussão, o TJMS anunciou que irá pagar R$ 45 mil a projetos para fazer a troca da deusa. O concurso foi lançado nesta terça-feira (21) para que a nova estátua seja instalada no cruzamento da Rua da Paz com a 25 de Dezembro.

Em entrevista ao Campo Grande News no dia 18 de abril, o presidente do TJMS, desembargador Sérgio Martins, comunicou que estava amadurecendo a ideia sobre a troca.

Agora, as inscrições devem ser feitas até o dia 6 de julho, sendo que o primeiro colocado irá receber R$ 30 mil, o segundo receberá R$ 10 mil e o terceiro, R$ 5 mil. Podem participar pessoas físicas, jurídicas e também consórcio de pessoas jurídicas.

Mais informações devem ser consultadas através do Departamento de Compras e de Licitações do TJMS pelos telefones (67) 3314-1329/1517, das 12h às 19h, ou via e-mail licitacao@tjms.jus.br.

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