Técnica de criança, grupo volta ao tempo do papel machê para fazer brinquedos
Os acadêmicos do curso de Artes Cênicas mostraram como é o processo de criação dos brinquedos e decorações
Da lixeira para casa, papel machê se transforma em aves e bonecos nas mãos dos acadêmicos de Artes Cênicas da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). “Vai da imaginação. A gente tem que viajar, sair do mundo real e passar para o imaginário, o que não é fácil”, conta, Miriam Parré.
Aos 63 anos, ela é aluna e relata que sempre teve afinidade com o artesanato. “Estou gostando porque é um desafio, por mais que não saia perfeito”, diz. Miriam e outros estudantes participam do projeto “Arte, Educação Ambiental e Sustentabilidade” em busca de uma cultura ecológica na Capital.
Ontem, os estudantes realizaram uma mostra onde deram vida a um tuiuiú de 80 centímetros, garças e patos. As aves feitas com papel machê foram pintadas e expostas ao lado de outros artesanatos produzidos com o mesmo material, como caixas, malas, bonecas, borboletas, etc.
Para entender como é feito esse trabalho, a colaboradora Jane Motta levou o Lado B para a sala de reciclagem. “O machê é um papel mastigado e existe há muitos anos. Pra ter ideia, há registros de armaduras feitas com ele”, diz Jane.
Ela explica como é o processo de criação do papel machê. “Primeiro separa o tipo de papel, porque não misturamos devido à textura ser diferente uma da outra. Depois da separação, corta e coloca numa bacia com água por dois dias. Após, bata no liquidificador e espreme até tirar a água. Usamos a cola de grude”.
Após transformar, é hora de colocar a mão na massa. A criação fica por conta do aluno e pode ser feito mamulengo, espécie de fantoche que usa as mãos para se movimentar. A cabeça do boneco é criada a partir de um balão cheio de ar. Espalham o papel ao entorno da bexiga, depois passe cola por cima. Repita o processo em várias camadas, até ficar firme.
Criado o formato da cabeça, agora é só moldar o rosto, fazer os olhos, nariz, boca. Os braços do mamulengo são feitos com rolinho de papel higiênico, e as mãos com papel machê. Outra parte é a roupa, produzida com retalhos.
“Aqui não se perde nada, tudo é feito com restinhos. Existe uma necessidade de fazer com que esses alunos se interessem pelo ambiente pela recuperação do lixo para facilitar a vida e ser uma possível venda de artesanato”, declara Jane.
A acadêmica, Meiryene Ortiz, 28 anos, fez um boneco inspirado no Xerife Woody do filme “Toy Story”. “Pensei nele porque dou aula para crianças e elas comentaram muito, e futuramente o trabalho pode dialogar com elas. Os materiais são acessíveis e aproveitamos o descarte para dar outro significado aos objetos”, fala.
Bianca de Souza de 21 anos também colocou a mão na massa e fez um boneco articulado. “É feito com várias técnicas e usamos vareta para mexer. Demorou um mês para fazer, mas estou arrumando ainda. Também fiz um mamulengo e criei uma senhora”, conta.
Inspiração não falta dentro da sala de reciclagem e tinha estudante tentando dar vida a personagens famosos como Malévola, Goku, Frida Kahlo, Pateta entre outros. Dá ainda para fazer vasos de planta e outros objetos para decoração de casa.
Conforme a colaboradora do projeto de reciclagem, Jane Motta os artesanatos feitos no local geralmente são vendidos e o dinheiro é revertido na compra de materiais para reciclagem e artesanato.
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