Fãs patrocinam show e lançam esquema de cota cultural em Campo Grande
Pela primeira vez, Campo Grande vai experimentar o sistema de “vaquinha cultural” ou, para ser mais legal, o crowdfunding – financiamento coletivo de shows.
O conceito simples já vingou em grandes cidades brasileiras e, como toda boa ideia, tem empresas e site só para reunir fãs interessados em dividir as despesas e produzir por conta próprio o espetáculo.
Em Campo Grande, o teste deu certo e começa pela música autoral de Mato Grosso do Sul. Grupo de 100 fãs comprou cota de 50 reais e patrocina por conta própria o show da banda Louva Dub na Morada dos Baís.
A divulgação começou há um mês via mídias sociais e em uma semana 80% das cotas foram vendidas.
“A gente sabia que tinha público, mas foi uma surpresa a rapidez da venda. Foi um voto de confiança, pagar e ficar um mês esperando pelo show”, comenta o baixista Daniel Costa.
Para o show fechado – apenas os cotistas e outros 100 convidados vão ter acesso, a banda tem trabalho com misto de MPB, samba, reggae, dub e ska, mas preparou um espetáculo especial para a estréia no sistema coletivo, além de CDs que serão distribuídos e o acesso ao camarim. “Vamos apresentar 5 músicas inéditas e ter participações”, avisa Daniel.
O custo estimado é de R$ 6.5 mil, mas o Coletivo Kazuá, responsável pelo esquema todo, conseguiu apoio das fundações municipal e estadual de Cultura.
“Essas pessoas que compraram as cotas ganham o título de agentes culturais. Queremos colocar fim à dependência”, explica Vinil Moraes, um dos organizadores.
A ideia não é apenas viabilizar shows para fãs, mas movimentar o mercado cultural, dando trabalho para iluminadores, cenógrafos, músicos e produtores. Para a produção de quarta-feira, pelo menos 12 pessoas trabalharam e foram remuneradas, além da banda.
“Escolhemos a Morada dos Baís justamente porque foi a casa de Lídia Baís, uma vanguardista. Essa é a proposta, começar um esquema novo de produção cultural”, diz Vinil.
Nos planos do coletivo Kazuá também existe a vontade de patrocinar com o mesmo sistema a gravação de um DVD só de música autoral, onde as bandas viabilizariam a venda das cotas.
“Em Curitiba, a ‘Banda Mais Bonita da Cidade’ gravou um CD super profissional só com o esquema de cotas”, comenta Daniel.
Depois da Europa, o financiamento coletivo de shows ganhou várias versões pelo Brasil, mas começou pelo Rio de Janeiro, com fãs patrocinando o circuito alternativo e shows internacionais.
A Mobsocial, por exemplo, faz pela internet a mobilização. Os fãs compram cotas para os shows de seus ídolos. Se todas as cotas forem compradas, o show acontece na cidade que se mobilizou primeiro. O sistema de pagamento é 100% seguro e caso a mobilização não se concretize, os fãs recebem o dinheiro de volta integralmente.