Pesquisa avalia impactos da pandemia na nutrição infantil e aleitamento materno

Para entender o estado nutricional de crianças de até seis anos, entrevistadores do Enani (Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil) percorrem diariamente as ruas de Campo Grande. A pesquisa é vinculada ao Ministério da Saúde e analisa práticas de aleitamento materno, alimentação complementar, consumo alimentar, estado nutricional e níveis de micronutrientes.

O Campo Grande News acompanhou a entrevistadora Miriam Neres Vilela, 44 anos, na tarde desta quinta-feira (27), no Bairro Pioneiros. Durante a visita a três casas, apenas uma aceitou participar do estudo.

A primeira etapa consiste em um questionário sobre a alimentação da criança nas últimas 24 horas e a gestação. Em seguida, são feitas as medições de peso e altura e, por fim, agendada a coleta de sangue para análise de micronutrientes.

Os domicílios participantes são definidos por sorteio, realizado pelo software do Enani. "O sistema faz um sorteio aleatório na região onde estou e me fornece dez endereços, que podem ou não ter crianças. Quando há uma criança na casa, apresento o estudo e verifico se a mãe ou o cuidador aceita participar", explicou Miriam.

No total, 15 mil domicílios serão analisados em 124 municípios. Em Campo Grande, o objetivo é alcançar pelo menos 600 residências. O estudo também avalia o ambiente alimentar, considerando disponibilidade, qualidade e variedade de frutas, hortaliças e alimentos ultraprocessados.

Para a dona de casa Francheska Alejandra Ramirez Larez, 27 anos, a pesquisa é essencial. "É bom para saber se meu filho está recebendo os nutrientes necessários na amamentação. Achei interessante, apesar de longo, mas é fundamental", disse.

Segundo o Ministério da Saúde, um dos objetivos da pesquisa deste ano é entender os impactos da pandemia de covid-19 na nutrição infantil. O coordenador nacional do estudo, Gilberto Kac, explica que a perda de renda e a redução no acesso a serviços de saúde afetaram a alimentação das crianças, aumentando a vulnerabilidade e os riscos a médio e longo prazo.

A auxiliar de cozinha Luzilene Cuelar da Silva, 37 anos, disse que estava ansiosa para participar. Segundo ela, a filha, de 1 ano e 4 meses, tem uma boa alimentação. "Acho importante pensarmos na alimentação das crianças. Minha bebê já come de tudo, só o que eu cozinho. Agora, nessa idade, meu pai ofereceu chocolate e ela conheceu o que era industrializado", contou.

Na Capital, entrevistadores fazem visitas no Guanandi, Cruzeiro, Coronel Antonino, Nasser, Santo Antônio, Pioneiros, Aero Rancho, Parati, Vilas Boas e Carlota. Em Corumbá, nos bairros Jardim dos Estados e Nova Corumbá.

Os entrevistadores estão identificados com crachá e camiseta do Enani, e portam um tablet para pesquisa. Eles levam consigo, também, o termo impresso de autorização para o estudo, uma balança e medidor de altura infantil e os mesmos equipamentos para o adulto.

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