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Comportamento

Advogada cubana usa saco de lixo como esperança para abraçar a filha

Depois de muitos venezuelanos, encontramos a história de uma cubana pelas ruas da cidade

Maurício Ribeiro | 22/07/2021 06:45
Sacos de lixo vendidos por Alida na Av. Afonso Pena. (Foto: Paulo Francis)
Sacos de lixo vendidos por Alida na Av. Afonso Pena. (Foto: Paulo Francis)

Depois de muitas histórias de venezuelanos pela cidade, é no encontro da Avenida Afonso Pena com Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camillo que encontramos encontramos a cubana Alida Saiz, de 55 anos, que vende sacos de lixo como esperança para reencontrar a filha e as duas netas.

Sem cartazes com algum pedido de ajuda, Alida, natural de Matanzas (Cuba), demonstra ser uma mulher articulada e comunicativa. Ela conta que está no Brasil há dois anos, desde que chegou com a filha e o genro.

“Nosso destino original era o Uruguai, íamos para Montevidéu mas acabamos passando por aqui e já se vão quase dois anos desde então. Ficamos um tempo em Aracaju(SE), Brasília(DF) e passei por São Paulo(SP) antes de vir para Campo Grande.   Há pouco mais de um ano tive um AVC , o que fez os planos mudarem um pouco ”, conta ela.

Alida agora sonha abaraçar a filha e os netos. (Foto: Paulo Francis)
Alida agora sonha abaraçar a filha e os netos. (Foto: Paulo Francis)

A filha seguiu para a capital uruguaia e ela ficou por aqui, não queria ser uma preocupação a mais na chegada ao novo país. Com limitações físicas e recomendações médicas para evitar atividades pesadas e o sol forte, em pleno início da pandemia, não pôde fazer sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos do lado direito do corpo, agora comprometidos.

“Não consegui pela rede pública, todos os serviços de atendimento pararam na época por conta da pandemia. Uma única sessão particular custa em torno de 70 reais então, o que deu pra fazer foi usar alguns conhecimentos de fisioterapia que tenho e me exercitar sozinha em casa usando objetos e a parede como apoio”, diz ela ao lembrar da convivência com amigos e colegas fisioterapeutas, ainda em sua terra natal.

Alida conta que é formada em Direito e, segundo ela, a maior dificuldade em terras brasileiras está em não poder trabalhar na área, uma vez que não fez os processos necessários para que seja autorizada a atuar no país. No entanto, ela diz que não pretende voltar a Cuba.

Morando sozinha no Bairro Amambaí com aluguel, água e luz para pagar, Saiz vende sacos de lixo para levantar uma grana mas, diferentemente da maioria dos "vendedores de farol", ela não tem o ritmo frenético da concorrência. “Até pela minha limitação física, não abordo as pessoas”, diz

Ela afirma que as vendas variam entre 2 e 12 pacotes por dia. "Nem todo mundo que passa compra, até por não saber que vendo”, diz. “Tem gente que nem quer comprar. Alguns que sabem da minha situação só querem ajudar mesmo. Já houve dia de pararem e me darem 30, 50, 100 reais. Tem um casal que aos domingos passa aqui e me traz comida com bastante carinho. Se hoje estou viva, é por conta do imenso coração do povo”, faz questão de destacar.

Enquanto torce por decisão favorável no processo que iniciou para tentar se aposentar, Alida sonha com o dia em que poderá reencontrar a filha e as netas. “Gostaria muito de conseguir me aposentar, já que não consigo nenhum tipo de trabalho condizente com a minha situação. Sem poder comprovar que tenho formação de nível superior, todas as vagas que encontro exigem força, me aposentar seria o melhor dos cenários mas o que quero mesmo é poder ir para Montevidéu onde está minha família”.

Alida preferiu não divulgar seu número na reportagem, quem quiser ajudá-la pode encontrá-la  na Avenida Afonso Pena com Arquiteto Rubens Gil de Camillo.

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