Alfredo trouxe de Corumbá tradição que emociona devotos de São João
Durante dois dias, festeiro visitou diversos bairros com bandeira do santo para orar e 'passar esmola'
Direto das ruas de Corumbá para Campo Grande, Alfredo Ferraz, de 33 anos, trouxe a devoção de quem está envolvido desde criança com as tradições que permeiam o Banho de São João. Na Capital, Alfredo visitou casas em diferentes bairros para ‘passar esmola’ que é um dos ritos que antecipam a festa.
Na terça-feira (30) e quarta-feira (31), ele visitou a residência de amigos, parentes e conhecidos que estão familiarizados com a tradição. Pioneiros, Vila Planalto, Aero Rancho, Vila Jacy, Vila Progresso, Tijuca, Jardim Batistão, Jardim Carioca e Centro foram alguns dos bairros por onde passou.
O momento envolve algumas etapas que terminam com o dono da casa fazendo um pedido para São João. O festeiro fornece detalhes de como funciona o ato religioso.
“A tradição é assim você chega e o dono da casa é quem recebe. Ele acolhe a bandeira, passa pelos cômodos e logo depois fazemos o momento da oração e agradecimento. Fazemos a oração de São João, cantamos a ladainha dele e a pessoa colhe a esmola. O ato de colocar não é só de colaborar, mas também de fazer seu pedido”, explica.
Apesar de ser tradição em Corumbá o período de tirar a esmola, a pandemia fez com que parte dessa tradição se perdesse. Desde o ano passado, Alfredo conta que retomou o costume com a finalidade de chamar as pessoas de volta para a celebração.
“Como veio a pandemia queria uma forma que São João fosse visitar os devotos para que voltássemos a nos reunir e fazer a devoção. Surgiu essa ideia de passar com a bandeira, fazer a oração e ir tirando as esmolas. Começamos o ano passado e minha mãe veio pra cá (Campo Grande) e esse ano consegui vir”, diz.
Para o festeiro, a devoção impacta de diferentes formas as pessoas que recebem a visita. Alfredo relata que também é impactado de forma positiva. “Pra mim é uma experiência a cada vez que vou na casa das pessoas e alimenta mais a minha fé. As pessoas choram, se emocionam, outras ficam felizes. É um ânimo, é um renovar da fé das pessoas. Eu percebo muito isso”, destaca.
Natural de Corumbá, Alfredo cresceu numa família devota e ligada as tradições do Banho de São João. "Minha família tinha tradição de fazer a fogueira e não banhar o santo. A questão do banho começou quando eu tinha nove anos quando ganhei da minha tia a imagem e o andor do meu tio", recorda.
Em casa, a família passou a banhar o santo dentro de uma caixa de água e somente em 2003 passaram a fazer a procissão e o batismo de São João nas águas do rio Paraguai. Por isso, o mês de junho é marcado de lembranças boas para Alfredo.
"A minha infância foi voltada para isso. Em junho a gente reunia a família, arrumava a casa, comprava bombinha, rojão e meu pai fazia fogueira em casa. Era o Natal nosso e até hoje", ressalta.
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