Amor de 35 anos pelo Aero Rancho vira tatuagem no braço de Ismael
Conhecido como 'O cria', barbeiro descreve bairro como 'lugar mágico' que não troca por nada
Ismael da Silva Gomes, de 43 anos, bate no peito ao falar que é ‘Cria do Aero Rancho’. Desde 1988, o barbeiro mora no bairro que conquistou seu coração e virou tatuagem no braço direito.
A tattoo foi feita na semana passada. Como na juventude fazer tatuagem tinha significado pejorativo de ‘ser coisa de bandido’, ele esperou o momento certo. “Eu queria fazer tatuagem, mas queria uma coisa que não iria me arrepender. Eu amo o Aero Rancho, eu não tenho vergonha de falar que amo”, destaca.
O desenho é inspirado na arte que estampa camisas e adesivos personalizados por Ismael. Ele e o Aero Rancho estão nesse ‘casamento’ que dura 35 anos sem previsão de chegar ao fim. “Talvez eu seja a pessoa que mais ama esse bairro, mas todo mundo ama”, afirma.
A chegada do ‘Cria’ - Na época que a família saiu do Coophatrabalho para o Aero Rancho, Ismael tinha oito anos e a mudança foi vista como uma grande novidade. “Eu vinha do Coophatrabalho, um bairro totalmente oposto. Vinha do lugar asfaltado, mais próximo ao centro e de repente estava morando no meio do barro, da poeira”, conta.
O comentário dele, diferente do que pode parecer, não é em tom de reclamação. A chegada ao bairro trouxe a liberdade de brincar de bola na rua, pegar fruta próximo ao córrego e aproveitar a infância de uma forma que não conseguiria no endereço anterior.
Em 1988, Ismael morava no setor quatro com os pais e já em 1992 conhecia todos os demais na palma da mão. Aos 12 anos, ele entregava gás pela empresa que o pai tinha criado, que foi a primeira a oferecer o serviço no bairro. Devido ao trabalho, ele conheceu cada rua, casa e morador.
O negócio da família durou três anos e até hoje os mais antigos do bairro o reconhecem como ‘filho do véio do gás’. A amizade que o pai fez com a vizinhança o inspirou a abrir o próprio negócio. “Eu vivi o Aero Rancho, por isso, tenho a barbearia. Eu queria voltar às raízes, queria conviver com as pessoas, ter amizade”, pontua.
Apesar de trabalhar na Avenida Graciliano Ramos, o barbeiro faz uma ‘tour’ pelas outras ruas para chegar à barbearia. “O que eu amo no Aero Rancho é a Rachel de Queiroz, eu faço todo esse tour porque é minha alegria estar no centro da Rachel de Queiroz, é minha paixão, você encontra todo mundo ali”, relata.
A fama de ‘Cria do Aero Rancho’ começou como uma piada interna. “Quando alguém vai fazer uma piada comigo, eu também brinco. Eu falo: ‘Não brinca comigo porque sou criado no Aero Rancho”, diz.
Depois a brincadeira ganhou proporção no Facebook e Instagram. Nas duas redes, ele fazia publicações como ‘diz que é cria do Aero Rancho, mas nunca andou na pinguela’. Com o tempo, outras pessoas entraram na onda e Ismael virou ‘O cria’.
O homem que vê o bairro como ‘um lugar mágico’ sente gratidão por ter crescido e continuar vivendo no Aero Rancho. “A mudança foi um divisor de águas, vejo que foi a mudança da minha vida porque o que seria de mim no Coophatrabalho?! Eu amo muito o Aero Rancho”, frisa.
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