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Comportamento

Amor fez veterinária com autismo lutar apesar de preconceitos

Após se formar, Luciana conseguiu atuar no próprio consultório, mas segue batalhando em busca de clientes

Aletheya Alves | 30/05/2023 06:56
Luciana conta que paixão por animais existe desde sempre e se transformou em profissão. (Foto: Arquivo pessoal)
Luciana conta que paixão por animais existe desde sempre e se transformou em profissão. (Foto: Arquivo pessoal)

Diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista e nanismo, Luciana Alves de Andrade continua sofrendo com os preconceitos que integram sua vida há 27 anos. Depois de ter se formado em Medicina Veterinária com muita luta, a profissional decidiu pedir toda a ajuda possível para mostrar que seu trabalho é sério e insistir na área pela qual se apaixonou.

“Muitas pessoas chegam aqui e não confiam no meu trabalho”, resume Luciana sobre os desafios diários. Mesmo assim, desde quando decidiu que seria veterinária, ela narra que os pensamentos sobre desistir vêm, mas não permanecem.

Uma das primeiras da família a se formar, Luciana conta que nada foi fácil e que até no momento de procurar emprego após a graduação foi uma etapa complexa. “Mandei currículo, fui atrás, mas as pessoas não me deram chance. Depois de tentar muito, meu atual chefe, que tem esse petshop, disse que precisava de uma veterinária”.

Trabalhando com comissão, ela recebeu uma espaço para o atendimento e fica responsável por angariar os clientes. “Meu medo é porque muitos dias aparecem poucos clientes, às vezes fica muito parado. Então, o que recebo é a partir disso. Por isso resolvi também falar do meu trabalho nas redes sociais”.

Após se formar, a veterinária conseguiu espaço para atuar em consultório criado para ela. (Foto: Aletheya Alves)
Após se formar, a veterinária conseguiu espaço para atuar em consultório criado para ela. (Foto: Aletheya Alves)
Crachá é estratégia para mostrar que sua formação é verdadeira e válida. (Foto: Aletheya Alves)
Crachá é estratégia para mostrar que sua formação é verdadeira e válida. (Foto: Aletheya Alves)

Em um post no Facebook, Luciana contou sobre o consultório veterinário e comentou sobre seu perfil. Além de ser uma médica veterinária autista, ela também destacou que gosta de atuar na região por conseguir atender pessoas que normalmente não possuem condições de levar os animais para outras clínicas.

Explicando sobre esse carinho com os animais, a profissional narra que foi justamente o contato próximo com eles que garantiu sua escolha. “Desde criança, eu não tinha muitos amigos porque era diferente. Então, sempre fiquei mais perto dos animais, sempre gostei deles”.

Sem saber durante a maior parte da vida que era autista, Luciana comenta que não entendia o motivo das dificuldades para aprendizado e socialização. “Em uma das séries, meus pais precisaram pagar um professor particular para eu conseguir aprender porque não conseguia direito. Tinha mais dificuldade do que as outras crianças”.

Já durante a vida adulta, quando havia conseguido a bolsa de estudos para cursar Medicina Veterinária, o momento de procurar por um diagnóstico chegou. “Continuei com dificuldades e comecei a pesquisar o motivo de eu ser assim. Fui identificando algumas coisas, procurei uma psicóloga e depois de fazer vários testes ela me diagnosticou”, conta.

Carimbo é sinônimo de conquista após tanta luta desde a infância. (Foto: Aletheya Alves)
Carimbo é sinônimo de conquista após tanta luta desde a infância. (Foto: Aletheya Alves)

A partir desse momento, Luciana explica que a vida recomeçou de uma forma diferente, indo desde o contato com outras pessoas até com os estudos. “Aprendi outra forma de estudar que começou a dar certo para mim. Aprendi a como falar melhor com as pessoas, tudo isso melhorou”.

Mas, ainda assim, seja pelo autismo ou pelo nanismo, a profissional comenta que os diagnósticos não são ignorados por terceiros. “Tem gente que me vê e acha que sou criança, por isso fiz até um crachá para garantir que sou a médica veterinária de verdade”.

Orgulhosa de todo o trajeto até aqui, Luciana completa que quer continuar na profissão devido ao amor pelos animais. “Eu também sou protetora dos animais, faço alguns resgates e tenho lar temporário. O dinheiro que ganho vai todo para eles”.

Para conhecer o trabalho de Luciana, seu consultório fica na Rua Souto Maior, número 1.389, Tijuca Dois. O número para contato é (67) 99252-4852.

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