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Comportamento

Ao devolver cachorro sumido, homem reencontra amigo e poodle acaba compartilhado

Paula Maciulevicius | 13/08/2015 06:12
Rubens e Sérgio. Os donos que dividem a guarda de Floquinho, também conhecido por John John. (Foto: Vanessa Tamires)
Rubens e Sérgio. Os donos que dividem a guarda de Floquinho, também conhecido por John John. (Foto: Vanessa Tamires)

Na casa de Sérgio, o cachorro poodle chama "Floquinho", sob os cuidados de Rubens, "John John" e nessa o cãozinho atende pelos dois nomes. Depois de ficar desaparecido por 24 dias, foi ele quem promoveu o reencontro entre amigos de longa data que não se viam há mais de 20 anos e de quebra, acabou "compartilhado".

Sérgio Gonçalves é o dono original. O cachorro chegou até a casa dele, no Jardim Batistão, com 40 dias de vida como presente para a filha, três anos atrás. No início do segundo semestre de 2014, num descuido, Floquinho fugiu com outros cachorros da rua e não voltou mais. O dono então percorreu o bairro todo e mandou imprimir 300 cartazes para colar a foto dele e os telefones de contato em toda vizinhança.

"O que a gente não faz por um filho? Ainda mais se é procurar um cachorrinho?", comenta o funcionário público, de 37 anos. Os compartilhamentos também correram pelas redes sociais. O que mantinha a esperança da família era de que o cãozinho estava bem cuidado. "Eu tinha certeza que alguém tinha encontrado ele, porque onde eu moro tem uma avenida bem próxima, se ele tivesse sido atropelado, alguém teria relatado", descreve. 

A menina Maria Clara, filha de Sérgio e a dona "original" do cãozinho. (Foto: Vanessa Tamires)
A menina Maria Clara, filha de Sérgio e a dona "original" do cãozinho. (Foto: Vanessa Tamires)

Até que no 24º dia de buscas, o celular de Sérgio tocou. A família estava no Paraná e do outro lado, ouviu de Rubens, a certeza de que Floquinho estava bem. "Ele me disse: 'olha, eu vi o cartaz de um poodle e eu achei um cachorro com as mesmas características que ele..." Os dois conversaram por minutos e a prova real foi tirada a partir de uma peculiaridade de Floquinho. Perto do rabinho, o cachorro tinha uma diferença de pelo.

"De cara ele me disse que não tinha a intenção de ficar com ele, que era de criança e que entendia a dor", recorda. A família toda se emocionou e mal via a hora de retornar a Campo Grande.

Na manhã seguinte, Rubens pegou as indicações de como chegar até Sérgio. E a surpresa foi quando ele desceu do carro. "Quando ele veio, eu reconheci. 'Cara, não acredito, é você Rubens?' Era meu amigo de infância", conta o dono.

Floquinho foi parar na casa da mãe de Rubens, no bairro Rancho Alegre, numa distância de 5 quilômetros. E foi ele quem fez a reaproximação dos dois. "Você acredita nisso? Eu não via ele há mais de 20 anos... É coisa de Deus que botou o animal de estimação na mão de uma pessoa boa, conhecida".

Os donos já fizeram o teste e o poodle atende pelos dois nomes. (Foto: Vanessa Tamires)
Os donos já fizeram o teste e o poodle atende pelos dois nomes. (Foto: Vanessa Tamires)

Guarda compartilhada - Os 24 dias foram suficientes para Floquinho ganhar amor e outro nome na nova casa. Até na hora de se despedir, o cão não deu muita atenção para o dono original. Quando o poodle foi morar com a família original, o imóvel que eles tinham era maior. Esse de agora mal tinha quintal para o bichinho brincar. Com o contato retomado, Rubens e Sérgio voltaram a ser amigos como quando dividiram o mesmo bairro na adolescência. 

Pensando no bem estar do animal, Sérgio conversou em casa e sugeriu a Rubens que dividissem os cuidados. A parte financeira ficaria a cargo dele. E de Rubens, a atenção e os cuidados diários no quintal enorme e gramado. A ideia surgiu três meses depois que o cão voltou para casa. "Aí eu fiz essa proposta: você fica com ele na sua casa, eu entro com toda assistência e aos finais de semana você franqueia a entrada na sua casa para a gente. Ele adorou", conta.

A cada 15 dias, Floquinho vai para casa de Sérgio e passa todo final de semana. A guarda não tem dia definido e nem está estipulada no papel, vai da confiança dos velhos amigos num acordo de cavalheiros. Como John John, o poodle foi muito bem tratado na casa do estudante de Direito, Rubens Queiroz, de 44 anos. Para a esposa e os amigos, ele reforçava que o cachorro não era dele, para já ir trabalhando o lado sentimental, caso ocorresse uma despedida.

Entre olhadas nas redes sociais e atenção para os cartazes, ao entrar na borracharia do bairro é que Rubens reconheceu o "procura-se" e de imediato ligou para os donos. "E foi uma coisa divina, o Sérgio ama esse cachorro de uma forma transcendental", descreve.

Sobre a guarda compartilhada, Rubens define como algo "contemporâneo" e normal para si. "É bem atual isso, não é? E para mim? É lindo".

O cachorro atende pelos dois nomes. O teste já foi feito pelos donos. E quem conhece a história, acha uma comédia. 

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