Aos 71 anos, Zezão venceu covid e de volta em casa recebe homenagem
Ele é diabético, hipertenso e após 19 dias internado, teve alta e ganhou carreata surpresa em comemoração à segunda chance
Diabético e hipertenso, José Vicente pegou coronavírus, foi parar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e após 19 dias, conseguiu vencer a doença e retornar para a casa, em Campo Grande. Foram momentos terríveis de luta e desespero da família, que agora, celebra a volta de Zezão com carreata em frente à rua onde mora, no Bairro Lagoa Itatiaia.
“É o irmão mais velho do meu pai e a sua esposa, Maria Helena, é irmã da minha mãe. Nosso elo é extremamente forte. Minha família paterna é festeira e é ele [Zezão] quem organiza as festas de ano novo, sempre muito alegre”, diz a sobrinha, Fernanda Garcia Martins.
Aos 34, a auxiliar de departamento pessoal organizou a carreata na tarde de ontem, para celebrar a segunda chance do tio. Catorze carros passaram em frente à residência de Zezão, com motoristas e passageiros erguendo as plaquinhas da vitória. Todos estavam de máscara e mantiveram o distanciamento para evitar aglomeração.
“Cada um passou com seu carro. Estávamos com as plaquinhas para entregar à filha dele”, conta Fernanda. Na homenagem, os veículos foram organizados em fila e passava um por vez, para dizer frases de conforto. “Não foi demorado”, completa a sobrinha.
Zezão foi diagnosticado com coronavírus em julho deste ano. Os primeiros sintomas passaram despercebidos, porém o vírus foi tão silencioso e rápido, que quando ele se deu conta já estava com 75% do pulmão afetado. “Não teve febre, mas na noite do dia 7, sentiu dor de cabeça e tomou um remédio”, lembra a filha Josilene Garcia Martins Pereira.
Ela é comerciante, tem 39 anos e relata como foi que a família descobriu que Zezão tinha pegado o vírus. “Ele é hipertenso e diabético. Seus olhos começaram a lacrimejar, dando a impressão de ser conjuntivite. Meu pai costumava caminhar na lagoa, dava três voltas, mas dias depois, não estava conseguindo completar a primeira. Ficou cansado e voltou para casa”.
O apetite desapareceu logo em seguida e a família procurou o médico para descobrir o que estava acontecendo. No consultório, foi pedido um exame que mostrou alteração no resultado. “No dia 9, a médica ligou às 7h15, dizendo que estava preocupada e pediu para que meu pai fizesse uma tomografia”.
Ele atendeu ao pedido, porém o resultado assustou a ainda mais a família. “Estava com 75% do pulmão lesionado”, recorda. No entanto, apesar da lesão, Zezão dizia não se sentir mal. “Estava bem e foi dirigindo até o hospital da Unimed”.
Já no local, foram ao setor de covid e os profissionais usaram um oxímetro, um aparelho que mostra a oxigenação do sangue, em Zezão. “Estava com 79, 80, sendo que o normal é 95. Perguntaram se estava com falta de ar, ele respondeu que não. O médico chamou a enfermeira, pediu para levá-lo e explicou que era grave. Ficou isolado e na tarde do dia 11, ligaram dizendo que tinha piorado e ia intubar. Mas antes, era para fazermos uma chamada de vídeo, dizendo que daria tudo certo”, recorda.
A partir daí que a briga mais intensa pela vida começou. Foram mais 10 dias complicados na UTI, mas Zezão lutou com unhas e dentes pela sobrevivência. “Depois saiu de lá e foi para a ala amarela, onde ficou em observação por mais quatro dias”.
Enquanto isso, aqui fora, a família se agarrou na fé e realizou até lives de orações para suplicar a melhora de Zezão. “Passou por momentos muito difíceis lá dentro. Nos sentimos impotentes quanto a essa doença, ficamos sem ação e aflitos por notícias”.
No dia 22 de julho, a saudade de casa já estava judiando, quando Zezão conseguiu conversar com a família, por chamada de vídeo. “Foi muita emoção. É muita angustia não poder fazer nada, ter apenas que esperar os médicos ligarem”.
Aos poucos, Zezão apresentou melhoras e no dia 27, recebeu alta do hospital, porém precisou de “home care”, cuidados em domicílio. “Para acabar de tomar os medicamentos. Tivemos alguns cuidados e até o dia 30, ele teve acompanhamento médico em casa. Agora está bem e tenho certeza que isso também é resultado das orações”, destaca Josilene.
Emoção – Zezão soube da carreata organizada pela família e ficou animado para poder rever todos. A ansiedade era tanta que ele colocou a máscara e sentou-se numa cadeira na calçada, em frente à casa onde mora.
Por ali ficou aguardando todos passarem, só para ver uma parte da galera que orou e agradeceu por sua recuperação. “Quis ficar mais próximo para ver todos e diminuir a saudade”, diz.
“Gostei muito dessa carreata. Fazia dias que não via o rosto de cada um, não estava em 10% da família, mas ajudaram muito, com orações que me fizeram levantar”, declara.
Foram dias terríveis, mas agora, após o pesadelo passar, Zezão manda recado para quem ainda acha que o vírus é bobeira ou invenção da mídia.
“Tem muita gente que pensa que isso é gripezinha, mas lá eu vi não que é, principalmente no meu caso que tenho diabetes e pressão alta. Para quem já tem outras doenças é ainda mais difícil de curar, a pessoa sofre muito”, finaliza Zezão.
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