Aos 81 anos, Renan escreveu à mão todos os 31 capítulos de seu livro
Em vários cadernos escolares, o aposentado Renan Dourado de Assis, de 81 anos, escreveu todo o seu livro
Em vários cadernos escolares, o aposentado Renan Dourado de Assis, de 81 anos, escreveu à mão, os 31 capítulos do seu livro “Lagoa Adormecida”. Não em uma sentada só, mas devagar, ao longo de mais ou menos cinco anos. Nem sabe quantos cadernos existem, apesar de dar falta de um. A história é uma ficção, mas tudo que está ali é inspirado em experiências próprias, mas é firme em dizer que a história não é uma autobiografia. “Estou galgando os primeiros passos de escritor. Quando falo do livro, meus amigos e conhecidos me perguntam se vão aparecer no livro. Mas não é história da minha vida”, ri.
Natural de Poxoréo, no Mato Grosso, Renan mora hoje em dia, com uma das filhas em uma casa na Mata do Jacinto, mas já passou por várias partes do Brasil. Atuava no ramo da construção civil e, por isso, viveu a maior parte da vida em viagens à trabalho. Conheceu estados como Acre, São Paulo, Goiás, Tocantins e até esteve em Brasília durante a construção da capital brasileira, antes de criar raízes em Mato Grosso do Sul.
Não tem ensino superior completo, mas já cursou partes da graduação de Engenharia Civil e Direito. Desde essa época, já era elogiado por professores e colegas pela escrita e pela construção dos trabalhos. Sempre teve também o hábito de escrever em diários suas experiências de vida.
“Eu sempre fui como um autodidata. Sempre pesquisei muito, li muito. Quando eu entregava meus trabalhos, os professores ficavam admirados e meus colegas me diziam: “Queria fazer trabalhos como os seus!”. Mas então faz! É só fazer pesquisas e desenvolver o trabalho com suas próprias palavras, sua redação. Isso só se aprende se dedicando”, ensina.
A ideia de escrever o livro, inclusive, veio na faculdade, durante uma conversa despretensiosa com uma colega. “Eu fui escrevendo as coisas e aí mais coisas iam surgindo, então, eu fui escrevendo e quando vi, a coisa foi, tinha ficado cumprida”, ri.
Se deixar, seu Renan entrega todos os 31 capítulos do livro para quem perguntar da história de tão empolgado que está com o projeto. A narrativa é situada às margens de um rio, chamado Rio Vermelho e traz a história do menino Carlinhos, que é separado dos pais na infância, quando estes vão para uma cidade maior para tentar a vida. A criança é deixada aos cuidados da avó, mas esta acaba falecendo. Depois de mais acontecimentos trágicos, o menino então resolve fugir em busca dos pais.
Seu Renan não consegue segurar a emoção ao contar a história. Precisa até de um tempo para se recompor antes de voltar à narrativa. Mas logo volta ao sorrir ao falar de trechos como o romance de Carlinhos por uma noviça. “É tudo escrito em primeira pessoa, mas quando eu falo eu, é o personagem, não sou eu, eu mesmo. Por isso, acham que é uma autobiografia, mas eu fiz questão de não caracterizar nenhum lugar”, reforça.
O livro já está finalizado e, inclusive, digitalizado pela digitação do próprio seu Renan, que aprendeu a mexer em um notebook para isso. “A parte de digitar é fácil, mas tem horas que eu não sei ainda lidar com o aparelho”, detalha. O livro já está na parte da revisão, feita também por seu Renan com a ajuda de uma das filhas.
Apesar da empolgação com o livro, relata que não pretende investir mais tempo na carreira de escritor, pelo menos, não por enquanto. “Esse projeto teve começo, meio e fim. Eu estava passando por uma rua, quando vi a placa de um lugar que dizia: “Publique seu livro já”. Senti como um chamado. Mas primeiro vou terminar de revisar e então correr atrás da publicação. E só por enquanto”, expressa.
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