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Comportamento

Após 20 anos de busca, Junior achou Opala de 1983 que pertenceu ao pai

Naquele carro, as viagens de família sempre tinham início e foi onde o filho aprendeu a dirigir; seu xodó, veículo é pura relíquia

Raul Delvizio | 07/12/2020 07:22
Seu Jary era o patriarca da família Barbosa e dono do Opala Comodoro 1983 (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Jary era o patriarca da família Barbosa e dono do Opala Comodoro 1983 (Foto: Arquivo Pessoal)

Seu Jary era o dono do Chevrolet Opala Comodoro 1983 na cor bege clara que rodou com a família Barbosa por praticamente 10 anos. "O carro que tivemos por mais tempo", certifica o filho. Fora as idas ao Centro da cidade, foi naquele veículo em que as viagens para Balneário Camboriú sempre tinham início, colecionando memórias e peripécias entre pai e filho. Junior, na época com seus 9 para 10 anos, trocou a marcha e deu sua primeira "aceleradinha" no carrão, aprendendo assim a dirigir com a ajuda do seu "velho".

Quando Jary faleceu em 1996, o Opala foi vendido e o resto virou história – mas o afeto nunca partiu de fato. Junior cresceu, tirou habilitação, formou família própria. Demorou 20 anos para que o filho reencontrasse o modelo original pertencido ao pai que ele fazia questão de ter novamente em mãos, sentar naquele banco, sentir o volante entre os dedos e deixar o passado correr solto.

Junior era ainda criança quando o pai comprou o carrão (Foto: Arquivo Pessoal)
Junior era ainda criança quando o pai comprou o carrão (Foto: Arquivo Pessoal)

"Demorou, não foi fácil. Finalmente com ajuda de um despachante consegui achar o carro, que estava 'perdido' próximo ao Indubrasil. Nessa brincadeira, já se passaram duas décadas da sua venda", disse Junior Barbosa.

Encontrar o Opala foi um misto de emoção, nostalgia e uma sensação vitoriosa".

Infelizmente, o carro não se encontrava no mesmo estado de conservação como na infância e adolescência de Junior – de qualquer maneira o veículo agora é de sua e exclusiva propriedade.

"Os anos foram cruéis à ele, mas com tempo ainda vou restaurá-lo e tentar fazer com que volte do jeito que conheci, naquela época em que até aprender a dirigir eu tive a chance no Opala de meu pai", garante.

Junior fazendo "joinha" em foto na década de 1980 (Foto: Arquivo Pessoal)
Junior fazendo "joinha" em foto na década de 1980 (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje, Junior é o dono da garagem de veículos vintage, e tem o Opala do pai como "xodó" (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje, Junior é o dono da garagem de veículos vintage, e tem o Opala do pai como "xodó" (Foto: Arquivo Pessoal)
Assim que o carro foi entregue em mãos, foi direto à loja de Junior (Foto: Arquivo Pessoal)
Assim que o carro foi entregue em mãos, foi direto à loja de Junior (Foto: Arquivo Pessoal)
Segundo Junior, "os anos foram injustos ao Opala do meu pai" (Foto: Arquivo Pessoal)
Segundo Junior, "os anos foram injustos ao Opala do meu pai" (Foto: Arquivo Pessoal)

Seu Jary não está mais aqui para testemunhar, mas se estivesse veria que o carrão de outrora realmente mudou a vida do filho. Hoje, Junior possui uma garagem só de carros antigos que ele comercializa com o maior orgulho.

"Antes de encontrar o Comodoro que foi do pai, achei em uma loja aqui da Capital um outro Opala, desta vez modelo especial rabo de peixe de 1972 na cor laranja, belíssimo, e com total procedência". Para se ter uma ideia, Junior esclarece que o "laranjinha" pertenceu a família do ex-presidente Geisel, com documentação, manuais e até notas originais. Esse foi o start para criar sua própria garagem vintage.

Aqui, Opala que pertenceu à família Geisel (Foto: Arquivo Pessoal)
Aqui, Opala que pertenceu à família Geisel (Foto: Arquivo Pessoal)
Detalhe do "laranjinha" (Foto: Arquivo Pessoal)
Detalhe do "laranjinha" (Foto: Arquivo Pessoal)
Documentos originais do Opala rabo de peixe de 1972 (Foto: Arquivo Pessoal)
Documentos originais do Opala rabo de peixe de 1972 (Foto: Arquivo Pessoal)

"Acabei comprando enquanto estava noivo, pouco antes de casar. Minha esposa realmente me ama, porque se dependesse só dessa história… era para estarmos juntos!", brinca. "Na época, não tínhamos condições de bancar uma festa de casamento bacana, e mesmo assim chego em casa com o Opala laranja. Tempos depois, até recebi uma boa proposta nele, vendi, só que logo mais tarde comprei ele de novo".

Voltando ao "Opalão" caramelo de Seu Jary. "Esse aí não vou vender nunca! Depois de mim, vai pertencer aos meus filhos. É relíquia de família".

Espero que eles aprendam a dirigir nele como eu um dia aprendi, mas desta vez na idade permitida!".

Opala de Jary guarda muitas histórias, ainda mais agora que virou herança da família (Foto: Arquivo Pessoal)
Opala de Jary guarda muitas histórias, ainda mais agora que virou herança da família (Foto: Arquivo Pessoal)

JB Garage – Na loja de carros vintage, Junior já vendeu um Impala 1961 totalmente original, sem a necessidade nenhum restauro. Também teve outro Chevrolet, desta um modelo Bel Air 1951, além de vários Fuscas, Landaus, Mavericks e até Fords F100.

"Na grande maioria, os carros vão para fora de MS via transportadora. Tivemos um Gurgel que foi parar na França e até uma Kombi Corujinha para a Alemanha, ambos de navio para o velho mundo que agora são propriedade de colecionadores de lá".

E todos eles estavam 'escondidos' aqui mesmo em Campo Grande!".

Como o Opala de Seu Jary, carros clássicos das décadas de 60, 70 e 80 – e que com certeza ainda guardam muita boa história para ser contada.

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Aqui, Ford F100 de 1974 na cor azul original (Foto: Arquivo Pessoal)
Aqui, Ford F100 de 1974 na cor azul original (Foto: Arquivo Pessoal)
Chevy "Boca de Sapo" 1951, adaptado como plataforma a carregar um "fusquinha" (Foto: Arquivo Pessoal)
Chevy "Boca de Sapo" 1951, adaptado como plataforma a carregar um "fusquinha" (Foto: Arquivo Pessoal)
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