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Comportamento

Após 5 anos de saudade, mãe não consegue ver o filho nem na morte

Denis faleceu no dia 25 de março nos Estados Unidos e amigos iniciaram campanha para translado do corpo

Jéssica Fernandes | 31/03/2023 06:50
Denis da Silva Barbosa com a mãe Abadia Martins na Espanha. (Foto: Arquivo pessoal)
Denis da Silva Barbosa com a mãe Abadia Martins na Espanha. (Foto: Arquivo pessoal)

No dia 25 de março Denis da Silva Barbosa faleceu, aos 46 anos, na cidade de Carolina do Sul devido a infecção aguda de HIV e Covid-19. Há seis dias, em Campo Grande, a família faz tentativas para custear o processo de translado do corpo dos Estados Unidos para o Brasil.

Para ajudar a mãe, Abadia Martins da Silva Barbosa, de 67 anos, e a irmã Flávia Martins Barbosa, de 45 anos, amigos de longa data de Denis criaram uma campanha de arrecadação na internet.

O falecimento do campo-grandense é recente, mas a angústia da família dura há meses. Desde janeiro, ele apresentava indícios de que a saúde não ia bem. Em chamadas de vídeo, Denis relatava como se sentia para mãe e irmã, que o viram pela última vez em 2018 durante visita de um mês na Capital.

Denis (bermuda vermelha) na companhia da família no Brasil. (Foto: Arquivo pessoal)
Denis (bermuda vermelha) na companhia da família no Brasil. (Foto: Arquivo pessoal)

Abadia comenta que constantemente aconselhava o filho a procurar o hospital. “No final de janeiro ele pegou uma gripe muito forte e não sarava. Ele mandava áudio falando que não estava bem e eu falava para ele ir no medico se tratar, ver o que é. Ele falava: ‘Ah mãe aqui é muito caro, tudo é muito caro, vou na farmácia, comprar remédio e tomar”, recorda.

Na farmácia, o brasileiro fez teste para Covid-19 que apontou resultado negativo. “Ele só foi ficando ruim, emagrecendo, perdendo apetite e aí ele passou mal”, diz Abadia. No hospital, Denis ficou internado treze dias onde um novo exame apontou positivo para o coronavírus.

Durante esse período Denis tranquilizava a mãe e manifestava à família o desejo de retornar a Campo Grande. Após a alta hospitalar, ele tentou retomar a rotina de serviço, passou a fazer caminhadas, porém a saúde voltou a ficar debilitada.


Em casa, ele passava a maior parte do dia sozinho, pois o amigo com quem dividia apartamento trabalhava. Como não tinha ajuda, segundo Abadia, o filho não conseguiu se recuperar. “Ele não tomou os remédios certinhos, não ficou em repouso, ele ficava sozinho e não tinha forças”, explica.

Na época, amigos iniciaram a campanha de arrecadação coletiva para custear a passagem de Abadia para os Estados Unidos. No site constam informações que o valor seria investido na obtenção do visto, estadia e outras despesas.

Não houve tempo para que Abadia viajasse rumo ao país para cuidar de Denis. No último sábado (24), ele passou mal e deu entrada no hospital onde foi entubado. “Ele teve duas paradas cardíacas, ele teve uma infecção no rim e daí veio a óbito”, lamenta a mãe.

Os bens dele, conforme Abadia, foram bloqueados pelo banco. “Estamos tentando trazer o corpo, porque lá se a pessoa tem dinheiro no banco o hospital automaticamente entra em contato e o banco bloqueia pra pagar”, esclarece.

Nessa altura da entrevista ela se emociona e é Flávia quem passa a relatar as providências que a família adotou. O corpo de Denis, conforme a funcionária pública, está no hospital.

“Acredito que esteja numa câmara fria, temos que contratar uma funerária para emitir o atestado de óbito.  O hospital só emite o laudo da causa da morte. Temos que contratar uma funerária para organizar todo esse trâmite”, declara Flávia.

No momento, a família está em contato com uma assessoria nos Estados Unidos especializada em processos de traslado. Flávia explica que o valor do serviço ainda não foi cravado.

“Tem que emitir o atestado de óbito, ver as  licenças necessárias para enviar o corpo do meu irmão por causa do tipo de doença que ele morreu. Estamos aguardando para ver, mas por baixo era de  9 a 12 mil dólares. É um custo bem alto por causa do câmbio”, afirma.

Para custear o translado do corpo, a vaquinha virtual segue ativa. Caso não seja possível velar Denis no Brasil, a irmã conta que espera conseguir trazer as cinzas. “Caso a gente não alcance o valor para trazer o corpo ou tenha algum impedimento por causa das enfermidades que ele teve, vamos custear a cremação e trazer as cinzas. Alguma coisa a gente quer que venha do meu irmão”, pontua.

Ligado nos 220 - Em 2000, Denis saiu de Campo Grande para morar na Espanha. 18 anos depois, o campo-grandense se mudou para os Estados Unidos após receber proposta de trabalho de um amigo.

No país,  Denis atuava como entregador e também no ramo da construção civil. Trabalho, conforme Flávia, nunca foi problema para o irmão. “Ele começou a trabalhar muito cedo, o negócio dele era trabalhar”, diz.

A funcionária pública conta que o irmão era alegre, animado e tinha grande facilidade de fazer amizades. Prova disso é a vaquinha virtual que os próprios amigos organizaram.

“Meu irmão a marca registrada dele era a gargalhada, muito alegre, muito positivo, ligado nos 220. Ele tinha muito amizade, ele sabia fazer amizade e as amizades dele são de mais de 25 anos. Os amigos que estão se movimentando são amigos de infância que ele nunca perdeu o contato. Era um cara alto astral, gostava de colocar apelido, ele era bem animado”, conclui.

Quem quiser ajudar, é só clicar no link da vaquinha.

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