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Comportamento

Após enfrentar ribanceira para salvar família, Rosana é recompensada

Ela recebeu homenagens dos colegas como "heróina", pela coragem em salvar uma família em acidente na Serra de Maracaju

Thailla Torres | 21/01/2021 06:04
Rosana foi a primeira profissional escolhida para receber a vacina na manhã de ontem, dia 20 de janeiro, e colegas lembraram de sua coragem ao salvar família (Foto: Arquivo Pessoal)
Rosana foi a primeira profissional escolhida para receber a vacina na manhã de ontem, dia 20 de janeiro, e colegas lembraram de sua coragem ao salvar família (Foto: Arquivo Pessoal)

O 21 de dezembro se tornou uma data marcante no coração da técnica de enfermagem Rosana Aparecida de Oliveira, 48 anos. A aflição veio às duas horas da madrugada quando percebeu que a proteção metálica às margens da pista da Serra de Maracaju, na MS-060, estava destruída.

Naquela hora, Rosana e o colega Emerson que dirigia a ambulância de Jardim pararam no local. Ao olhar para a ribanceira, os identificaram um acidente. Mesmo na escuridão, a técnica de enfermagem não pensou duas vezes e desceu. Lá embaixo encontrou uma mãe e uma filha em um veículo capotado.

O socorro chegou por volta das cinco horas da manhã naquele dia. Até lá, Rosana segurou a vida da família nas mãos e nunca mais esqueceu aquela cena.

Ontem, 21 de janeiro de 2021, ela foi mais uma vez recompensada. Rosana foi a profissional de saúde escolhida para tomar a primeira dose da vacina Coronavac em Jardim. Colegas de trabalho fizeram homenagens nas redes sociais com o título de “heroína” e lembraram o acidente que marcou a cidade pela coragem de Rosana.

“Pra mim e para todos os profissionais de saúde, hoje é um momento histórico, pois estamos vivendo uma verdadeira guerra contra um vírus que mata”, diz sobre ter sido vacinada.

Com emoção, ela também se recorda do acidente e diz que nada naquele momento a impediria de descer a ribanceira, nem mesmo as dificuldades.

“Na hora que eu estava naquela serra, cheguei a pensar que não conseguiria descer. Só tinha a lanterna do celular. Mas eu conversava com Deus e pedia para conseguir socorrer aquela família. Logo em seguida o céu foi clareando e pude estar ali, ajudando nos primeiros socorros”.

A paranaense Aline Aparecida foi a mulher socorrida por Rosana, que hoje se tornou amiga e define a técnica de enfermagem como “anjo”.

Rosana com colega de profissão (Foto: Arquivo Pessoal)
Rosana com colega de profissão (Foto: Arquivo Pessoal)

“Nem eu acreditava mais que eu iria sair com vida daquele trágico acidente, mas ela escutou meu pedido de socorro para salvarem pelo menos minha filha Helena. Lembro dela falando para o Emerson, companheiro dela naquela noite, que desceria. Porém, eu não sabia das dificuldades dela”, menciona Aline.

Rosana é uma pessoa com deficiência física, que venceu as dificuldades desde criança. Ela conta que teve osteomielite, uma infecção óssea que é prevenida com vacina na infância.

“Tive na bacia e fêmur. O fêmur foi operado, a bacia não, e tive sequelas. Hoje, só tenho 20% do movimento em uma das penas e uso sapato ortopédico”, conta.

Filha de pai trabalhador rural e mãe boia fria, ela diz que a doença trouxe inúmeras dificuldades na infância, mas foi um dos motivos que despertou a vontade de se tornar uma profissional da saúde.

“Eu sabia que eu queria trabalhar na saúde com 10 anos. Eu sabia que essa profissão faria diferença da vida de muita gente. Então batalhei para conseguir me formar e hoje sou totalmente agradecida pela profissão que tenho”.

Rosana atua no setor de imunização de uma unidade de saúde de Jardim, e agora tudo o que ela mais deseja é ter a chance de imunizar milhares de pessoas contra a covid-19. “Imunizar é salvar vidas e faço isso com muito orgulho. Cada vacina pra mim é uma recompensa na vida”, finaliza.

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* Matéria editada às 17h20 do dia 21/01/2021 para correção sobre a formação da entrevistada.

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