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Comportamento

Após morte da mãe, homenagem dos filhos foi achar tia que nunca conheceu a irmã

Thais Pimenta | 09/12/2017 07:05
Família reunida. (Foto: Thaís Pimenta)
Família reunida. (Foto: Thaís Pimenta)

Foram quase 70 anos de buscas até que os sobrinhos encontrassem uma das tias ainda desconhecida, Lídia Nantes.

As irmãs Adercina de Lara Nantes, Cidália Aparecida e Lídia nasceram em Cáceres, município de Mato Grosso. Filhas de Maria Rita, tiveram pouco contato com a família de sangue pois o destino inventou de separá-las muito cedo. Adercina nunca chegou a conhecer Lidia porque quando a mais nova nasceu, a mais velha já tinha saído de casa pra não voltar mais.

Mas graças à internet, os quatro filhos de Adercina tiveram a chance de encontrar a tia, mas sem a mãe, que já partiu. O reencontro serviu de homenagem. Numa emocionante entrevista com a família, eles recontam as histórias da infância da mãe, enquanto esperavam pela chegada de Lidia para o primeiro contato.

“Nossa mãe saiu de Cáceres muito novinha e veio morar pros lados de Sidrolândia com a nossa madrinha Celina. As coisas lá não eram perfeitas, mas mamãe acabou preferindo ficar e se mudou pra Campo Grande em 1976 com a vó Celina”, disseram.

Na Capital, Adercina constituiu sua família com seu marido Henrique Ferreira e os filhos Antônia Auxiliadora Nantes, Isoldina Maria, Marcelina Nantes e Dionísio Henrique.

“Volta e meia mamãe citava que tinha vontade de procurar suas irmãs e sua mãe de sangue. O contato com nossa vó aconteceu até meados de 1950 por meio de cartas. Mamãe dizia que ela pedia muito pelo retorno dela mas por algum motivo não voltou e num belo dia as cartas pararam de chegar”, diz Marcelina. Hoje as meninas descobriram que as cartas não chegaram mais porque Maria Rita faleceu.

Familiares que criaram Adercina à esquerda e à direita. Ao centro, a própria. (Foto: Thaís Pimenta)
Familiares que criaram Adercina à esquerda e à direita. Ao centro, a própria. (Foto: Thaís Pimenta)

Na época, a indecisão de Adercina, aliada à falta de recursos de busca, não permitiram que a família se unisse. Depois o Alzheimer começou a afetá-la e em 2014 a mãezona morreu por conta de um AVC. A partida desanimou as filhas à procurarem suas tias, mas despertaram sensações que motivaram uma delas em especial a ir atrás dessa história.

A mais velha, Antônia, teve coragem de escrever o nome de Lidia no Google depois de um sonho que considerou premonitório sobre o que viria acontecer.

“Vinha passando por um estresse no trabalho e estava o dia todo com o sonho na cabeça. Abri o computador e por algum motivo pesquisei. De primeira nada apareceu. Na segunda tentativa, eu procurei por Lidia Nantes e o nome dela estava em um site dando a entender que procurava a outra irmã, a Cidália. No endereço tinha um número de telefone com o nome Arnaldo”, conta.

O primeiro abraço entre sobrinha e tia-avó. (Foto: Thaís Pimenta)
O primeiro abraço entre sobrinha e tia-avó. (Foto: Thaís Pimenta)

Chegando em casa, Antônia pediu ajuda de Walkíria, sua filha, para prosseguir o contato. “Liguei uma vez e não atendeu, isso era no dia 4 de dezembro. Minha filha deu ideia de enviar um whats para o telefone. Ele respondeu logo em seguida confirmando que era genro de Lidia”, disse ela, emocionada.

A ansiedade tomou conta dos irmãos. “Descobrimos que ela mora em Coxim hoje em dia e que sempre vinha pra Campo Grande antes pois sua filha mais velha morava aqui. Curiosamente essa menina tinha casa no mesmo bairro que nós, o jardim Bonança, e nós nunca nos conhecemos”.

A tia Lidia e a sobinha Isoldina. (Foto: Thaís Pimenta)
A tia Lidia e a sobinha Isoldina. (Foto: Thaís Pimenta)

O encontro que estava marcado para acontecer no dia 20 deste mês foi antecipado para a sexta-feira, 8, por conta de Arnaldo. O genro vinha pra Capita para curtir o show de Gustavo Lima. Ele então perguntou à Lidia se tinha interesse de vir junto com ele e a mulher, filha da Lidia.

Às 11 horas da manhã a camionete de Coxim parou em frente à casa de Adercina. A emoção invadiu o coração de todos. Abraços e lágrimas misturavam-se à curiosidade de colocar a conversa de uma vida inteira em dia.

As irmãs receberam Lidia e sua família com a faixa “Tia Lidia, seja bem-vinda, nós te amamos”. Os traços semelhantes não deixam dúvidas: corre o mesmo sangue na veia dos Nantes.

Isoldina, Lidia e Arnaldo (Foto: Thaís Pimenta)
Isoldina, Lidia e Arnaldo (Foto: Thaís Pimenta)

Segundo Lidia, o próximo passo é procurar por Cidália Aparecida, para completar o quebra-cabeça dessa família tão querida. Ela conta que nunca imaginou ganhar um presente desses depois de tanto tempo. "Na minha cabeça, eu não tinha elo nenhum com meus pais. Tudo tinha se perdido já", diz.

Lidia agradece a Deus e a Arnaldo pelas boas novas. "A boa vontade dele mudou minha vida", finaliza.

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