Após vida dentro de caminhão, Garça achou sossego em borracharia
Há mais de 30 anos, ele conquistou amigos no ponto comercial que tem até garaparia
Oscar Cândido de Oliveira, de 72 anos, percorreu o Brasil de ponta a ponta com o caminhão. O homem, que dá graças a Deus por nunca ter se envolvido em acidente, agora vive dias mais sossegados e descontraídos na Avenida Mato Grosso.
Dono da ‘Borracharia do Garça’, ele tem outros dois empreendimentos que dividem espaço na mesma esquina: uma garaparia e uma lanchonete. A primeira quem cuida é a filha, enquanto a segunda fica por conta de uma funcionária.
Oscar investiu no ponto comercial há 33 anos após a aposentadoria das estradas. Dessa época, ele carregou apenas o apelido de ‘Garça’ e o jeito engraçado que fica evidente nos primeiros minutos de conversa. “Eu fico aqui aproveitando, conversando, vendo. Muitas pessoas vem aqui fazer entrevista comigo, elas me dão dinheiro”, ri.
É sentado na cadeira que ‘Garça’ prolonga a conversa jurando que a história dele é curta. Para começar, o apelido é herança dos tempos em que atuava em uma empresa de ônibus. “Eu era branquinho, branquinho, cheguei lá e me deram o apelido”, conta.
Dividindo a própria história em pequenas partes, o empresário começa primeiro pelo capítulo sobre a borracharia. “Larguei do caminhão, montei essa borracharia e tô aqui até hoje. Criei os filhos aqui, separei da mulher aqui. Ela casou com outro, foi para a chácara e hoje sou separado e viúvo duas vezes. E eu? Tô aí”, diz.
Garça percorreu as estradas do País dia e noite até ver o movimento dos transportadores caírem. Conforme as empresas foram parando, ele agarrou a oportunidade de abrir o ponto. No lugar, ele chefia a turma enquanto aproveita para assistir televisão e conversar com conhecidos que vez ou outra aparecem.
Durante a conversa com a equipe de reportagem, ele estava sentado próximo à garaparia, que nesta semana está fechada. O empreendimento é cuidado pela filha que está resolvendo algumas questões de saúde, mas em breve voltará a abrir o trailler.
Agora, na posição de patrão e não funcionário, ‘Garça’ garante com um sorriso no rosto que só volta pro caminhão sob uma condição. “Pra mim mexer hoje com caminhão é só se eu arrumar uma corrente e puxar o caminhão. Na minha idade ninguém mais vai me dar caminhão para trabalhar”, afirma.
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