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Comportamento

Autista, Georgia conquistou o 1º emprego em clínica onde é paciente

Aos 18 anos, jovem foi contratada para trabalhar com a psicóloga que a acompanha desde os 8 anos

Por Jéssica Fernandes | 12/04/2024 06:43
Da esquerda para direita, Evelin Mulatto, Georgia e Catarina Rodrigues. (Foto: Arquivo pessoal)
Da esquerda para direita, Evelin Mulatto, Georgia e Catarina Rodrigues. (Foto: Arquivo pessoal)

Georgia Rodrigues Thomaz da Silva, de 18 anos, está contando os dias para começar a trabalhar. Diagnosticada com TEA (Transtorno do Espectro Autista) nível 1, ela foi contratada pela clínica onde é paciente desde a adolescência. A contratação marca o começo da jornada dela no mercado de trabalho.

A psicóloga Evelin Melotto é a responsável por convidar a jovem para trabalhar no Espaço Reintegrar, que é uma clínica especializada em Terapia ABA e Terapia Cognitivo Comportamental. Muito além de chefe, Evelin também é a profissional que acompanha o caso dela desde os oito anos.

Em 2013, ela conheceu a menina e iniciou o acompanhamento através da abordagem ABA, que é uma das terapias aplicadas em casos onde a pessoa é diagnosticada com autismo. Evelin explica como era Georgia na época em que a conheceu.

Psicóloga fala sobre primeiro contato que teve com Georgia. (Foto: Paulo Francis)
Psicóloga fala sobre primeiro contato que teve com Georgia. (Foto: Paulo Francis)

“Ela era minha paciente quando eu ainda era acompanhante terapêutica. Eu ia na casa dela e trabalhamos por muitos anos com a ABA e ela tinha bastante questões comportamentais. Eu acabei saindo do caso dela, mas sempre dava suporte para quem ia pegando o caso”, diz.

Após receber alta do tratamento com a ABA, Georgia ingressou em uma nova fase e voltou a ser atendida exclusivamente por Evelin. Aos 11 anos, ela começou a desenvolver outras habilidades  comportamentais. “Nesses atendimentos íamos em padaria, supermercado, íamos comprar roupas para ela entender sobre quais usar em determinados ambientes”, explica a psicóloga.

Acompanhada pela mãe Catarina Rodrigues, Georgia cresceu cercada de muito amor, cuidado e sempre com o respaldo profissional. Nesse caminho veio a fase de conclusão de Ensino Médio e os preparativos para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Pedagoga, Catarina está feliz pela filha conquistar o 1º emprego. (Foto: Paulo Francis)
Pedagoga, Catarina está feliz pela filha conquistar o 1º emprego. (Foto: Paulo Francis)

Após a filha prestar o vestibular, Catarina levou à psicóloga a aflição que acabou resultando numa oportunidade. “A Catarina trouxe a preocupação que sempre tivemos, mas não era o objetivo naquela época porque tínhamos muitos outros objetivos a se cumprir. Mas, aí chegou a hora do mercado de trabalho”, comenta Evelin.

Foi nesse momento que a profissional deu a ideia de Georgia trabalhar na clínica. Por ser um ambiente em que é conhecida, que entende a dinâmica, a alternativa se provou executável. Com contrato fechado e crachá pronto, a jovem participou de alguns treinamentos e foi instruída sobre as tarefas do cargo.

A psicóloga fala que o intuito é agregar as habilidades dela à rotina de trabalho. “A Georgia sempre gostou muito de desenhar e criar histórias. Vamos estimular mais ainda essa parte, da tecnologia, para ela criar materiais que sejam funcionais para a clínica”, afirma.

As três na inauguração da clínica no Bairro Vila Rica. (Foto: Arquivo pessoal)
As três na inauguração da clínica no Bairro Vila Rica. (Foto: Arquivo pessoal)

Sobre o emprego, Georgia já sabe as principais regras e diz esperar que as coisas ocorram bem. “Vai ser tudo calmo, quietinho. Vou auxiliar no estoque, criar atividades”, fala. Apesar das atividades do espaço terem outra abordagem, ela também cria em casa histórias na vertente de terror com vampiros e lobisomens.

Quem está feliz em presenciar mais esse novo importante passo dela é Catarina. A pedagoga pontua que isso é possível devido a evolução de Georgia no tratamento. “Pra mim está sendo novo, fiquei feliz porque nós viemos de uma caminhada. A Evelin foi a primeira terapeuta, ela fez ABA, foi pra terapia e fomos seguindo e agora estamos aqui”, destaca.

Conforme for adquirindo experiência, Georgia pode inclusive ganhar novas funções na clínica. É o que ressalta a psicóloga. “Eu tenho planos dela ficar aqui na frente auxiliando, perguntando às pessoas se precisam de alguma coisa e ajudando na dinâmica das crianças que vêm e vão na clínica”, pontua.

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