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Comportamento

Barbeiro tomou coragem para deixar MS e viver em frio de -15 ºC

Brasileiro deixou Mato Grosso do Sul há dois anos para morar na Alemanha sem nem saber o idioma

Por Aletheya Alves | 13/03/2024 08:07
Barbeiro conta que sempre teve vontade de conhecer novos lugares. (Foto: Arquivo pessoal)
Barbeiro conta que sempre teve vontade de conhecer novos lugares. (Foto: Arquivo pessoal)

Três meses de preparativos foram suficientes para Renan Reggiani decidir deixar Mato Grosso do Sul e embarcar rumo ao frio alemão de -15 ºC. Levou na mala a profissão de barbeiro, mesmo sem nem saber falar o idioma. Desde então, se passaram dois anos desde que começou a usar a simpatia e ajuda de amigos para se virar em outro país rumo à nova vida.

Ao lado de sua esposa, ele conta que sua história envolveu um misto de sorte e muito esforço. “Tive sorte por causa do meu amigo e chefe brasileiro. Como ele já morava lá há um tempo, falava muito bem o alemão e acabava traduzindo o que o cliente queria”, explica sobre como conseguiu trabalhar.

Com o tempo, o inglês foi sendo aperfeiçoado e as palavras no alemão começaram a se fixar pouco a pouco. “Hoje, eu entendo algumas coisas, então se o cliente não fala inglês, peço para falar alemão e consigo entender. Mas, nós brasileiros particularmente temos um diferencial que é ser amigável com todos e isso me ajudou muito”.

Renan diz que o sorriso no rosto e tentar fazer o melhor trabalho possível foram os pontos que ajudaram a trilhar o caminho no outro país.

Focando na sua história, ele conta que sempre teve vontade de saber como era morar em outro país para vivenciar e conhecer uma cultura diferente. Foi assim que, conversando com um amigo de São Paulo que tinha interesses parecidos, encontrou um novo colega de profissão que tinha se mudado para a Alemanha.

“Nossas ideias eram muito parecidas e ele me convidou para trabalhar como convidado durante três meses. Eu e minha esposa fomos, ficamos os três meses e foi muito legal viver aquilo. Eles gostaram do meu trabalho e me convidaram para trabalhar lá”, relata o barbeiro.

Mas, para chegar até o outro país, sua história no ramo começou há 15 anos. Durante a adolescência, ele cortava o próprio cabelo e de alguns amigos, mas só em 2009 é que a história realmente andou.

Renan deixou Mato Grosso do Sul para ser barbeiro na Alemanha. (Foto: Arquivo pessoal)
Renan deixou Mato Grosso do Sul para ser barbeiro na Alemanha. (Foto: Arquivo pessoal)
Novas experiências têm sido conquistadas ao lado de sua esposa. (Foto: Arquivo pessoal)
Novas experiências têm sido conquistadas ao lado de sua esposa. (Foto: Arquivo pessoal)

Enquanto terminava a graduação em biologia, conheceu a cultura tradicional da barbearia, que já era forte nos Estados Unidos. “Vi que vários integrantes de bandas de hardcore e punk trabalhavam como barbeiros, era algo que eu gostava muito. Acabei indo atrás de conhecer a cultura por trás disso tudo. Bandas, tatuagens, barbearias e muitas outras coisas que, na época, faziam parte da contracultura”.

O difícil, como ele explica, é que o Brasil ainda não tinha cursos sobre barbearia e, por isso, o jeito foi aprender tudo sozinho com auxílio de algumas palavras em inglês.

Voltando para a Alemanha, o barbeiro detalha que antes de mudar havia aberto uma nova unidade de sua loja no Brasil. Mas, com a oportunidade, o jeito foi entregar a casa e fazer o teste.

“Não tínhamos visto para morar, pois o nosso tipo de trabalho não liberava visto. Vendemos tudo o que tínhamos para dar entrada no pedido de cidadania italiana da minha esposa ainda aqui no Brasil. Voltamos para lá depois de dois meses resolvendo as pendências. Fiquei na Alemanha trabalhando, minha esposa foi para a Itália terminar o processo de cidadania para ficarmos legalizados e três meses estávamos com nossos vistos”, diz Renan.

Sobre as diferenças entre os países, ele comenta que a burocracia por lá é maior em relação à profissão. Exemplificando, para abrir uma barbearia é necessário ter uma formação de quatro anos.

“São inúmeras experiências diferentes, dentro e fora da barbearia. Apesar de no começo ser mais difícil a comunicação, acabei conseguindo através do trabalho que faço. Mas, a melhor parte é ter acesso mais fácil em conhecer novos lugares, vivenciar o inverno, que até então era novo para a gente”, completa o sul-mato-grossense.

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