Bebês devem ficar em casa, mas ai da mãe que “faltar” o serviço
Colapso na saúde: Mães não têm suporte trabalhista para ficarem em casa cuidando da prole adoentada
Um surto de doenças respiratórias pegou os bebês de jeito nas últimas semanas e a recomendação dos órgãos de saúde foi pura e simplesmente: não saia com seu bebê de casa. Ok. De fato, no mundo ideal (ahhh lá vem ele), cuidar da criança sem sair de casa é o correto, mas, olha só que novidade, mais uma vez a conta não fecha.
Mães não têm suporte trabalhista para simplesmente ficarem em casa cuidando da prole adoentada. Não sei se é de conhecimento geral da nação, talvez não seja porque na real pouco importa pra quem não precisa de suporte legal para isso, mas não existe lei que dê respaldo aos responsáveis pela criança em se ausentar do trabalho por mais de UM DIA AO ANO.
Sim, minha gente. Atestado por motivo de saúde só vale por um dia ao ano como “acompanhante", conforme o artigo 473 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Agora me diz se isso tem cabimento num universo em que a criança tem pelo menos oito quadros de virose/infeções/escolite por ano. Uma emenda na outra, praticamente.
E aí, mermão, não tem como ficar em casa com o bebê. Na ausência de rede de apoio, os pais (leia-se as mães) precisam tirar os filhos de casa. Me diz aí você que é mãe quantas vezes você deixou seu filho doente na escola ou em outro lugar porque precisou ir trabalhar?
Recomendar que os pequenos fiquem em casa diante de um cenário trabalhista tão hostil às mulheres chega a ser cômico, pra não falar trágico. Mas o sistema é assim mesmo, né? Exige que mulheres sejam mães e que mães trabalhem como se não tivessem filhos. E quem pariu que lute!
Jéssica Benitez é jornalista, mãe do Caetano e da Maria Cecília e aspirante a escritora no @eeunemqueriasermae
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