Beirando os 100, "vó Magóia" ainda vive na fábrica que um dia trabalhou
Em Ribas, a senhorinha ainda vive no mesmo lugar de trabalho, mas confessa já estar “cansada” – de morar lá, não do calorão

“Quem aqui que é a cara da cidade?”, foi a pergunta que fiz às pessoas nas ruas quando cheguei ao município de Ribas do Rio Pardo, distante 100 km da Capital. A resposta foi unânime. “Procure pela Dona Magnólia Fogaça da fábrica de cerâmicas”. Buscando por tradição, o Lado B encontrou muito mais, uma história que beira centenário vivido por uma velhinha pra lá de espirituosa.
Não é porque Ribas é pequena, mas foi bem fácil encontrar a chácara onde "vó Magóia" – como é bem conhecida na cidade – ainda reside. Todo mundo sabia o trajeto. “Só atravessar a antiga estação de trem. Avistando as chaminés, siga até elas”, indicaram a nossa equipe.
Mesmo sem avisar, Dona Magnólia fez questão de levantar da poltrona mastigada pelo tempo onde assistia televisão. A senhorinha recebeu os jornalistas curiosos com um sorriso nos olhos por trás da máscara.
Já estou cansada de morar em Ribas, mas aqui continuo. Bom mesmo é só o clima”, afirmou a senhora, que inclusive tirava o calor letra. Já nós, suando naquele mormaço de 40 graus, não tínhamos todo esse feitio mesmo debaixo da sombra de árvore.

Aos 98 anos, já passou por muita coisa nessa vida. Perdeu marido e dois filhos, mas foi junto à eles que participou na gestão da fábrica de tijolos Cerâmicas Rio Pardo – que teve as atividades cessadas em 2001. O que sobrou? Memórias, três chaminés abandonadas, o terreno amplo e a casa humilde construída. E lá é onde ainda reside com a filha Maria José.
“Tínhamos 30 funcionários, todos bem jovens, que trabalhavam e também estudavam na cidade. Os nossos tijolos foram de trem para praticamente formar a Campo Grande do início do século passado”, relembra Dona Magnólia.

Segundo ela conta, sua missão sempre foi “tirar leite de pedra”. Assim como a parreira que cultiva na propriedade, Dona Magnólia ficou plantada nas terrras rio-pardenses.
“Minha vida é boa sim, claro que poderia ter sido melhor, com menos dor. Mas tive muito amor e festança. Inclusive, sempre fui muito boa na dança da catira, sabia?”, afirmou ao mesmo tempo que apontava para o quadro de fotos preso à parede na entrada da casa.
Os vizinhos por ali são quase todos parentes. A família hoje reúne mais de 50 pessoas, que ainda moram e fazem história em Ribas. Conforme Dona Magnólia promete, ainda vai ter festão:
Após essa doença passar, vou comemorar centenário aqui na chácara. Quero agradecer a todos, à vida, aos bons anos que ainda me restam”.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.

Confira a galeria de imagens: