Cansado de caminhão, Zé viu em garaparia jeito de seguir na estrada
Foram 15 anos pelas rotas até que o cansaço e vontade de ficar com a família se tornaram maiores
Na Avenida Gury Marques, José Nivaldo da Silva conseguiu encontrar o meio-termo que precisava quando decidiu se aposentar. Acostumado a viver dirigindo caminhões, o antigo motorista decidiu deixar os longos períodos longe da cidade para trás, mas manter o contato com a estrada de um jeito mais tranquilo através do seu negócio próprio.
“Não fico nem lá, nem cá”, sintetiza seu Zé ou o Vovô da Garaparia sobre o motivo de ter escolhido uma das saídas da cidade para passar os dias. Ao todo, foram 15 anos dedicados às rodovias para transporte dos mais variados produtos, como ele conta.
Sendo motorista, José explica que viveu intensamente a solidão e o cansaço em diversos momentos, mas enquanto permaneceu nas estradas via aquilo como necessário. Depois de tanto tempo e vendo a idade passar, decidiu que era o momento de parar.
Mas, quando chegou a hora de realmente ficar em casa, o gosto por se manter em ação foi maior. “Eu sempre tive vontade de ter alguma coisa que fosse minha e pensando a gente teve a ideia de fazer a garaparia. Fui atrás de tudo, aprendi como mexer e meu neto é que arrumou os desenhos e os detalhes”.
Orgulhoso dos netos, o ex-caminhoneiro conta que o nome “Garaparia do Vovô” veio justamente graças a eles. “Todos são meninos e pensando sobre o nome que precisava, eles deram a ideia de chamar de vovô. Eu gostei, ficou fácil e aí eles me ajudaram no fim das contas”.
Dividindo o espaço da via com outros motoristas, mas agora fora do fluxo, José brinca que não sente falta da correria. Mas, ao mesmo tempo, gosta de se manter próximo ao movimento.
Tanto é que apenas o domingo resta para o descanso e, fielmente, de segunda a sábado ele procura o jaleco e deixa o bairro para ir à Gury Marques. “Eu abro das 8h às 17h, dá tempo de atender muita gente, conversar. Aí no domingo fico mais tranquilo, mas na segunda logo cedo já acordo antes para arrumar o que preciso”.
Sem ter ideia de quando realmente vai parar de trabalhar, seu Zé comenta que o gosto é pela ação. Por isso, o carrinho do vovô deve continuar na saída de Campo Grande por um bom tempo, sem previsão de encerramento.
E, para conhecer o trabalho de José, o carrinho fica na Avenida Gury Marques com a Rua Cana Verde.
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