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Comportamento

Cargo de confiança veio como recomeço após Gustavo ser preso

Programa de ressocialização foi pontapé para retorno ao mercado de trabalho após prisão por tráfico

Aletheya Alves | 01/04/2022 07:10
Gustavo é responsável por equipe de repositores de uma das unidades do Fort Atacadista. (Foto: Kísie Ainoã)
Gustavo é responsável por equipe de repositores de uma das unidades do Fort Atacadista. (Foto: Kísie Ainoã)

Depois que 6 meses no tráfico que se tornaram 8 anos de condenação, Gustavo Andrade Gusmão, de 38 anos, ouviu que sua volta ao mercado de trabalho ficaria restrita às funções básicas. Decidido a contrariar os comentários, ele voltou a estudar, entrou na faculdade e, hoje, conquistou um cargo de gestão trabalhando com o público.

Em 2014, no Bairro Universitário, Gustavo foi preso por uma equipe da Polícia Militar com outras duas pessoas. Antes disso, ele trabalhava com eventos e, conforme conta, foi assim que se aproximou do tráfico de drogas.

“Foi uma rasteira que Deus me deu, porque eu tinha começado a mexer com isso há pouco tempo. Fiquei seis meses assim e fui preso. Até o policial que me prendeu disse que eu ia perceber isso depois”, relembra.

Após ser preso em flagrante, o atual encarregado do Fort Atacadista Cafezais passou dois anos em regime fechado. Foi nesse tempo que começou a repensar sobre como iria começar a vida com um histórico complicado.

Sem muita esperança, em 2019, quando estava em regime semiaberto, Gustavo se candidatou para trabalhar no atacado e, desde então, sua perspectiva sobre o futuro foi mudando aos poucos.

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Eu achava que ia ficar muito tempo sem oportunidades, fiquei com medo de preconceito. Tem empresas que não dão oportunidade mesmo, mas eu consegui uma que acreditou em mim", diz.

Desde que entrou na empresa, ele trabalhou com descarga de mercadorias e reposição dos produtos. Foi justamente na transição entre as duas funções que começou a se questionar sobre possíveis casos de preconceitos, já que dentro da loja iria ter contato com o público.

Mesmo tendo trabalhado com tornozeleira eletrônica, Gustavo garante que nunca se deparou com comentários de clientes. Para ele, o medo antecipado foi uma das dificuldades para acreditar em si mesmo e, em sua opinião, é um empecilho para outras pessoas que também tentam se reintegrar à sociedade.

Já acreditando que conseguiria funções melhores, ele narra que foi impulsionado por sua gerente a voltar para a escola. Depois de terminar o Ensino Médio, Gustavo se matriculou na graduação de Administração e foi assim que conseguiu seu cargo de gestão.

“Eu tive medo, mas quando a gerente do mercado falou que eu tinha potencial, eu passei por cima de tudo o que pensava. Minha cabeça abriu, vi que era possível e passei na prova para conseguir meu cargo. Agora, eu só quero continuar melhorando na minha vida”, conta.

Hoje, Gustavo é responsável pela equipe de reposição da unidade em que trabalha, além de cuidar de toda a organização e atualização das mercadorias expostas.

Além de reconquistar a vida profissional, o encarregado de loja explica que o âmbito pessoal também tem sido retomado. Quando foi preso, Gustavo deixou uma filha e, agora, seu objetivo é criar momentos de alegria em família.

Para ele, tudo tem se desenvolvido aos poucos e sem pressa. Confiante de que as chances de conquistar seus desejos são altas, diz que os passos para quem sai da prisão começam do zero, mas podem ser construídos com apoio e ajuda de quem está em volta.

Assim como Gustavo, mais de 400 detentos já passaram pelo programa de ressocialização do Grupo Pereira em Mato Grosso do Sul. Atualmente, 40 reeducandos fazem parte da ação, que possibilita o retorno de de internos ao mundo do trabalho.

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