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Comportamento

Casal largou tudo em Campo Grande para viver de voluntariado na Europa

Viagem garantiu experiência cultural com oportunidade de conhecer diversas cidades e países

Por Idaicy Solano | 03/08/2024 07:13
Mylena e José largaram tudo em Campo Grande para viver de trabalho voluntário na Europa (Foto: Arquivo Pessoal)
Mylena e José largaram tudo em Campo Grande para viver de trabalho voluntário na Europa (Foto: Arquivo Pessoal)

Há quase um ano, o casal Mylena Cardoso, de 26 anos, e José Ricardo Neto, de 25 anos, decidiram pedir demissão e se desfazer de tudo para embarcar em uma aventura pela Europa. Para se manter por lá, o casal começou a viver de trabalho voluntário, o que garantiu muita experiência cultural e além da oportunidade conhecer os países do continente.

Tanto um quanto o outro tinha o sonho de ir para fora do país, tanto que José pagou um intercâmbio de seis meses para Malta, para estudar o idioma inglês, antes de namorar com Mylena, mas acabou não indo. Após começarem a namorar, ele relembrou a viagem já paga e a convidou para ir junto. É claro que e ela aceitou. Nisso, embarcaram para a Europa em outubro de 2023, antes do período para dar início ao intercâmbio.

“O José tinha comprado o curso dele na pandemia, então ele estava sempre postergando. E ele tinha um trabalho no banco, então, querendo ou não, isso segurava um pouco a gente no Brasil. A gente tinha aquele receio, aquele medo de ‘eu vou pedir demissão para tentar a vida em outro país, como vai ser?’. Então a gente sempre ficou um pouco inseguro em relação a isso. Mas aí decidimos ir porque era o meu sonho tanto quanto o sonho dele”, detalha Mylena.

O casal teve dois meses para se organizar para sair do Brasil. Ambos pediram demissão do emprego e venderam todos os bens que tinham no Brasil. Mylena morava de aluguel e deixou a casa para morar com a irmã em seus últimos dias no País.

“Eu vendi meus móveis, geladeira, fogão, roupa, sapato. Tudo que eu podia vender, eu vendi, assim como José vendeu violão, vendeu carro. Tudo que a gente tinha de bens materiais, a gente vendeu. Nós saímos do Brasil somente com uma mala de mão e uma mochila. Era o que a gente tinha pra tentar a nossa vida fora do Brasil”, detalha Mylena.

Perrengue chique 

O casal ficou em Malta, na cidade de St Julian’s, até janeiro deste ano porque como apenas José foi para estudar, Mylena acabou indo como turista e não poderia ficar legalmente no país durante os seis meses de curso. Determinados a não voltar para o Brasil, o casal decidiu se arriscar com trabalho voluntário, que consiste em trocar mão de obra por hospedagem e alimentação. Para conseguir ficar na Europa legalmente, passaram os últimos meses transitando por diversas cidades e países europeus.

“Era uma coisa meio misteriosa para a gente porque a gente só sabia de duas plataformas [de trabalho voluntário] que são as mais famosas. Então a gente foi pesquisar como funcionava e aí a gente falou ‘vamos fazer isso’ porque era uma forma barata da gente se manter na Europa e ia continuar aprendendo inglês porque as pessoas que nos recebem falam inglês”, comenta Mylena.

Conforme detalha o casal, no voluntariado eles tiveram a oportunidade de aprender bastante da cultura local. Várias cidades que eles passaram não eram consideradas turísticas, então avaliam que a experiência foi enriquecedora pela oportunidade de aprender sobre povoados locais e seus costumes. “Tivemos aquela vivência como nativo mesmo, viver em cidades pequenas, que não são muito badaladas, digamos assim’, explica José.

Em janeiro o casal foi para uma fazenda no sul da Escócia, na cidade de Castle Douglas, onde permaneceram por dois meses cuidando de cavalos e ajudando a dona da propriedade com diversas tarefas. Por lá, o casal viu neve pela primeira vez e conheceram diversos castelos. “A Escócia foi um país que nos surpreendeu porque a gente não sabia que era um país tão bonito. Foi uma experiência muito diferente e enriquecedora”, diz Mylena.

Casal durante estadia em Castle Douglas, na Escócia (Foto: Arquivo Pessoal)
Casal durante estadia em Castle Douglas, na Escócia (Foto: Arquivo Pessoal)
Mylena e José em visita a Capela de St Govans, no País de Gales (Foto: Arquivo Pessoal)
Mylena e José em visita a Capela de St Govans, no País de Gales (Foto: Arquivo Pessoal)

O destino seguinte foi o País de Gales, na cidade de Freshwater East, onde o casal ficou na casa de uma família que possui uma fazenda auto suficiente - que produz o próprio alimento - em uma vila localizada na beira da praia. Por lá, Mylena dava aulas de portguês para os filhos dos donos da fazenda, além de ajudar com as tarefas domésticas e da fazenda em troca de hospedagem e comida.

“Foi uma família muito unida e carinhosa que nos recebeu muito bem. A gente aprendeu muito com eles, essa questão de valorizar os produtos naturais, de produzir o que você come, o que você bebe, e valorizar as coisas simples da vida. E melhoramos bastante no inglês também porque essa convivência 24 horas sempre era muito gratificante. Lá a gente viu a aurora boreal também, que foi uma experiência muito diferente pra gente. Do nada, a gente saiu, olhou o céu, tinha aurora boreal rosa”, relata o casal.

Atualmente, o casal está morando na região da Calábria, no sul da Itália, com uma família italiana e ajudam com as tarefas de casa, jardim e cuidar dos gatos e cachorros.

Visita a Blue Lagoon, na ilha de Comino em Malta (Foto: Arquivo Pessoal)
Visita a Blue Lagoon, na ilha de Comino em Malta (Foto: Arquivo Pessoal)
Ao fundo, Castelo de Pembrokeshire, no País de Gales (Foto: Arquivo Pessoal)
Ao fundo, Castelo de Pembrokeshire, no País de Gales (Foto: Arquivo Pessoal)

Planos fora do País

Mylena acrescenta que a decisão de deixar tudo para trás e sair do país para tentar a sorte em outro continente não foi fácil, mas quando decidiram tomar essa decisão, foram determinados a tentar uma vida nova, aprender um novo idioma e conseguir se estabilizar.

Por enquanto, eles não tem planos de voltar para o Brasil, mas confessam que não descartam a possibilidade futuramente, principalmente quando chegar a hora de formarem uma família.

“Depois de todas essas experiências que a gente teve, a gente só confirmou realmente que o Brasil é um país muito bom. E a gente conversa várias vezes sobre isso. Eu acredito que a gente vai ficar trabalhando aqui assim por uns 4, 5 anos e muito provavelmente a gente vai voltar para o Brasil mesmo. Porque a gente sente muita falta do clima, comida, amigos, família. Acho que essas duas últimas partes são as que pesam mais. A cultura brasileira também é diferente, esse calor humano mesmo que o brasileiro tem. A gente sente que a Itália tem isso também, mas ainda não é igual ao Brasil”, comenta o casal.

O casal declara que apesar de fazerem planos a longo prazo, estão ‘vivendo um dia de cada vez’. No momento, eles estão em processo de conseguir cidadania italiana, para terem acesso mais facilitado ao mercado de trabalho europeu, além da possibilidade de realizar mais um sonho: conhecer os Estados Unidos, já que cidadãos europeus não precisam de visto para entrarem no país.

Casal durante visita a Londres, na Inglaterra (Foto: Arquivo Pessoal)
Casal durante visita a Londres, na Inglaterra (Foto: Arquivo Pessoal)

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